Umas letrinhas pequenas estão dando muita discussão nos postos de gasolina. Alguns estão com os números fora do padrão permitido.
Sempre que alguém tenta esconder algo, o consumidor acaba pagando o preço. Nesse caso é literal: a terceira casa depois da vírgula no preço do combustível faz aumentar a conta de quem abastece. Um economista fez essa matemática e a diferença é grande.
Parece que está sobrando, mas o terceiro dígito faz parte do preço. É só passar em um posto de combustíveis para avistar o número.
Na cidade de Maringá, no Paraná, o Procon notificou mais de cem postos para que usassem apenas duas casas decimais, mas o sindicato que representa o setor conseguiu uma liminar da justiça autorizando os três dígitos. Em Salvador, na Bahia, uma lei municipal foi sancionada para impedir os milésimos na hora de encher o tanque.
Só que a legislação que criou a moeda brasileira permite o uso das três casas decimais em alguns casos. Uma portaria autoriza os postos a colocar o preço do litro do combustível com três casas decimais, mas na hora de o consumidor pagar a conta, o valor tem de ser arredondado.
A regulamentação está em vigor desde 1994, criada pelo então Departamento Nacional de Combustíveis, o equivalente hoje à Agência Nacional do Petróleo (ANP). “Na verdade, esse ‘999’ nada mais é que algo tentando ludibriar o consumidor na minha concepção, mesmo porque nossa moeda não tem 999”, critica o bancário Diogo Alves.
Pode parecer pouco, mas o terceiro dígito faz diferença na conta. Quem explica o economista Nicolau Pompeo. No valor R$ 1,899, tirando o último ‘9’ o valor fica R$ 1,89. Quanto o posto deixaria de arrecadar?
“No caso de um posto que vende aproximadamente 400 mil litros no mês, ele deixa de arrecadar R$ 3,6 mil, correspondente ao salário de três frentistas. Na realidade, esse último ‘9’ significa o consumidor pagando o salário de três frentistas”, calcula o economista Nicolau Pompeo.
Em alguns postos, é preciso se esforçar para enxergar o último número. “A gente nem olha, mas acho que é ‘9’. As coisas sempre ficam ‘0,99’ para parecer um pouco menos”, aponta o securitário Ronaldo Pacheco.
José Alberto Gouveia, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), afirma que a lei não especifica o tamanho dos números.
“O tamanho da letra do número não é determinado pela agência. Cada posto faz o seu. Tanto é que, em um dos postos, o número é grande. Em outros, são pequenos. O número tem de ser de acordo com que o consumidor veja. Se ele está vendo o número, eu acho que está legal”, afirmou o presidente do Sincopetro.
“Pelo Código de Defesa do Consumidor, a informação deve ser ostensiva por completo, e não apenas os dois dígitos. Se são três dígitos depois da vírgula, os três devem possuir o mesmo tamanho”, alerta Paulo Góes, diretor-executivo do Procon-SP.
Ainda de acordo com o Sincopetro, se os preços nas bombas fossem com apenas dois dígitos depois da vírgula, os combustíveis ficariam mais caros. Em um posto onde o litro custa R$ 1,899, o consumidor que enche o tanque paga R$ 0,45 a mais do que se o litro custasse apenas R$ 1,89. Se ele apenas quatro vezes por mês, a diferença em um ano chega a R$ 22 por consumidor.
fonte: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2011/09/peso-do-terceiro-digito-no-tanque-de-gasolina-faz-diferenca-na-conta.html
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