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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Dólar dispara, e bancos já elevam as projeções de inflação para 2012

 

O país refaz as contas. As empresas estão preocupadas com os custos. O brasileiro sente o efeito da alta no bolso, do pãozinho à carne.



As empresas resolveram refazer as contas, assim como bancos e consultorias. Os brasileiros já estão sentindo no supermercado os efeitos da alta do dólar. Que impacto vai ter na inflação desse ano e do ano que vem? Quanto vai subir o custo de vida?
O efeito do dólar mais caro atinge vários setores da economia, e não é apenas o de viagens, como muita gente pensa. Os alimentos, por exemplo, são cultivados com fertilizantes e agrotóxicos trazidos do exterior e cotados em dólar. Muitos, como pães e massas, também são produzidos com matéria-prima importada. Essa alta do dólar acontece bem na época em que os comerciantes estão importando os itens da ceia de Natal.
Um brasileiro chamado de francês e feito com trigo argentino: o que é que isso significa? Que o pãozinho pode ficar mais caro por causa da moeda americana. É uma confusão de pátrias. “Toda vida comi como se fosse brasileiro”, disse um paulistano.
“O trigo, na maioria das vezes, é importado. A gente produz muito pouco, a maioria é importada da Argentina. O trigo é um produto comercializado internacionalmente e é cotado em dólar”, explica o economista Jason Vieira.
No dia 29 de julho, o dólar valia R$ 1,55. Na última quinta-feira (22), menos de dois meses depois, a moeda americana estava cotada a R$ 1,89. Se continuar nesse patamar, já se estima que o dólar, sozinho, será responsável por mais de meio ponto percentual na inflação de 2011. Outros alimentos puxariam essa alta, como a carne.
“Boa parte da alimentação do boi é feita com ração feita de soja, que é outro produto comercializado muito forte internacionalmente e cotado em dólar. A carne deve ser outro alimento que vai sofrer bastante com a elevação da divisa”, aponta o economista Jason Vieira.
Para muita gente, a carne já não está muito barata. “É salgada, não precisa nem temperar que já está. Se subir mais, o jeito é comer verdura e legumes, porque não tem jeito”, comentou o motorista Jonas Thomaz.
Mas verduras e legumes também não escapam. “Alguns vegetais trabalham muito com agrotóxicos, fertilizantes e com implementos agrícolas cotados em dólar. Essa disparada do dólar certamente deve afetar parte das verduras e dos vegetais”, prevê o economista Jason Vieira.
Não são só os insumos. O Brasil recebe muita fruta importada, ainda mais para o Natal que está vindo, como nectarina, ameixa, pêssego e kiwi. Se o dólar continuar nessa, não demora muito e quase tudo o que está na gôndola vai ficar mais caro. Os fornecedores de um supermercado já avisaram.
“Por enquanto, o preço está mais ou menos, mas eles falarem que vai subir muito, porque vai subir o dólar. Acho que, no máximo, uns 10% vai subir”, calcula o auxiliar de hortifruti, Valdemar Santos Moitinho.
“O que as lojas podem fazer é trabalhar com os estoques que foram comprados a um dólar mais baixo, mas esses estoques tendem a durar pouco. Se persistir essa alta, a tendência é os próximos lotes virem mais caros, e aí vai impactar no consumidor”, avalia o consultor de finanças Antonio de Júlio. “Alguém tem de pagar a conta”, afirma uma senhora.
Outro problema é que, com a alta do dólar, quem produz alimentos tende a preferir exportar, para ganhar mais, do que vender no mercado interno. Aí o preço aumenta nos supermercados.
É o que tem acontecido com o açúcar, por exemplo. No ano passado, no dia 22 de setembro, uma saca de 50 quilos de açúcar cristal custava R$ 60,45. Na quinta-feira (22), era negociada por R$ 64,50, um aumento de 6%

fonte: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2011/09/dolar-dispara-e-bancos-ja-elevam-projecoes-de-inflacao-para-2012.html

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