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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Miriam Leitão: ‘Proteger indústria automobilística não faz sentido algum’

 

'O diagnóstico de que é preciso que a produção industrial aumente é importante, mas o remédio usado pelo governo foi errado', diz a colunista.







O que protege a indústria é menos burocracia, menos carga tributária e um mercado livre, com regras claras. Existem duas formas de fazer política industrial. Uma é proteger o setor, ou seja, escolher o setor para proteger, como o governo fez. A outra é melhorar as condições gerais de competitividade da economia para que todo mundo que todo mundo que for bom, se estabeleça no negócio.
O que levou o governo a pensar nisso? Houve uma diferenciação muito grande entre vendas de varejo e produção industrial. Quer dizer, o governo olhou e viu que o comércio está muito intenso, as pessoas estão comprando muito, mas a produção industrial brasileira está crescendo muito menos. E isso precisa ser enfrentado como? Protegendo a indústria.
Ou seja, o governo escolheu proteger a indústria automobilística. Isso não faz sentido algum. Quer dizer, o diagnóstico de que há um problema e que é preciso que a produção industrial aumente é importante, mas o remédio usado pelo governo foi errado.
O remédio pode levar a outro problema, que são as previsões de inflação feitas pelo mercado. O Banco Central, uma vez por semana, consulta cem instituições financeiras e consultorias sobre o que elas estão prevendo. Pela primeira vez, na segunda-feira (26), foi divulgado que estão prevendo 6,52%, que é acima do teto da meta da inflação, de 4,5% – 6,5% são o máximo que se pode chegar, mas já está se prevendo acima. Em 2012, o mercado já está prevendo a inflação cada vez mais alta.
Esse é o remédio para melhorar a competição na economia, melhorar a eficiência econômica? Ou um remédio que vai levar a mais inflação? É um remédio que pesa contra a qualidade dos carros produzidos no Brasil, porque essa competição força a indústria brasileira a melhorar seu produto.
Aumento de IPI sobre carros importados: o que é favorável?
A gente já viu no passado como a falta de competição levou a um produto nacional de má qualidade e alto preço. Para se ter uma ideia, a importação de carros é feita, principalmente, por quem já está aqui e não vai pagar o IPI a mais. Quem vai pagar é quem não tem fábrica no Brasil, e isso representa apenas 7% de todo o comércio de automóveis. É pequeno, mas ajuda a competição. Agora o governo vai eliminar essa competição.
Que prós e contras isso tem para a indústria brasileira? Principalmente, o governo devia pensar no que favorece ao consumidor. É a competição. O que favorece a indústria é melhorar as condições de competitividade. O Brasil não tem boa logística, tem carga tributária e paga imposto demais sobre trabalho, que é a grande questão hoje.
Na segunda-feira (26), a OIT divulgou a informação de que o G-20 vai perder 20 milhões de empregos. Isso é que é o importante: o que realmente cria empregos? Não é protegendo uma indústria de um setor que sempre foi muito protegido.

fonte: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2011/09/miriam-leitao-proteger-industria-automobilistica-nao-faz-sentido-algum.html

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