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Quais as saídas para Europa e Estados Unidos? A locomotiva do mundo, a China, vai voltar a acelerar? E o Brasil, como fica? A colunista responde.
Já estão dizendo que até o fim do ano um dos países da zona do euro vai deixar esse clube. Esse país seria a Grécia. Esse é um dos pontos que os economistas colocaram em seus radares para 2012. Os mercados também estão contando com a possibilidade de algumas moedas nacionais voltarem.
Não vai ser uma transição simples. É uma transição não-feita, porque nunca houve uma união monetária como essa. Então, a gente não sabe como sair dessa união. O ano é novo, mas a incerteza é a mesma de antes. A Europa continua pressionando o mundo com suas incertezas.
Os US$ 6 trilhões que os mercados mundiais perderam em 2011 equivalem a uma China. Foi esse o tamanho da perda do ano passado. O que os líderes europeus estão dizendo é que este ano será pior para eles do que foi 2011. Realmente, é um ano que começa com essa incerteza europeia.
Nos Estados Unidos, o consumo ainda está ajudando a economia, mas a política vai atrapalhar mais, porque no ano passado já atrapalhou. A incerteza da dívida americana colocou uma incerteza no mundo muito grande. Este ano, a polarização política entre republicanos e democratas vai piorar, porque vai ter eleição.
Também vai haver eleição na França. Ou seja, esses momentos de eleição numa crise política impedem que as decisões sejam tomadas de forma rápida para debelar a crise. Então, é um ano de incertezas na maior economia do mundo.
A China está querendo desacelerar um pouco e voltar mais para o mercado interno, mas isso é difícil em se tratando da China. É como um Boeing fazendo qualquer manobra. Hoje saiu um dado mostrando essa pequena desaceleração. O que se espera é que a China desacelere um pouco, mas não muito, porque é o motor que segura o mundo.
O problema em relação à China é que os números são muito opacos. Ninguém confia nos números chineses – nem números de crescimento, de inflação ou de desemprego. Eles são divulgados pelo Conselho de Estado. É esse conselho que diz qual número deve sair ou não. Não tem imprensa livre. A economia que mais cresce no mundo e que está segurando o crescimento é uma economia na qual não se pode confiar muito.
Tem mudanças importantes também na política chinesa. É o ano em que vai assumir o novo presidente, que foi escolhido há dois anos daquele jeito que os chineses escolhem: o Partido Comunista fechado entre quatro paredes. A incerteza da China é política. Quando não há democracia, tudo fica pior, porque não se sabe o que está acontecendo.
E o Brasil? Como fica o país este ano? Uma crise como essa sempre afeta o Brasil. Ano passado, o país perdeu nas bolsas uma Vale do Rio Doce quando se pensa na queda do valor das ações. Os economistas estão razoavelmente otimistas em relação ao Brasil. Eles acham que, apesar de toda essa incerteza do mundo, o mercado interno está forte – não tão forte como já esteve no passado –, mas que vai segurar um crescimento um pouquinho maior do que 2011 e uma inflação que pode ficar um pouco mais baixa do que no ano passado.
Se não houver uma grande ruptura ou um agravamento muito grande da crise e se a Europa conseguir sair dessa confusão em que ela está, o Brasil consegue se segurar com suas próprias forças, que são o mercado interno e a economia ajustada já de acertos que fizemos no passado.
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