Desde 1983, não era registrado um caso de raiva em animais na capital paulista. Segundo a prefeitura, um gato morreu em outubro passado.
Um alerta: a notícia de que um gato morreu vítima do vírus da raiva em São Paulo deixou autoridades de saúde preocupadas. Há quase 30 anos a cidade não registrava casos da doença.
A suspeita é que o vírus tenha sido transmitido por um morcego que se alimenta de frutas e que poderia estar numa das árvores de Moema, um bairro de classe média alta, conhecido pela quantidade de animais domésticos.
A vacinação de cães e gatos está suspensa na cidade porque a vacina matou alguns animais, mas a raiva ainda é uma ameaça no país, porque o vírus circula por vários estados.
Desde 1983, não era registrado um caso de raiva em animais na capital paulista. Segundo a prefeitura de São Paulo, em outubro do ano passado um gato morreu. A dona, desconfiada, levou o corpo do animal para fazer exames na Universidade de São Paulo (USP). Os exames indicaram que o gato tinha contraído o vírus da raiva.
“A gente fez quatro provas em série e todas resultaram positivas para o vírus da raiva. Isso, associado aos sintomas que ele teve e ao histórico epidemiológico, dá grande segurança de que era raiva, de fato”, afirma Paulo Eduardo Brandão, virologista da USP.
A suspeita é que o vírus tenha sido transmitido por um morcego. “Possivelmente o morcego que se alimenta de frutas acabou contraindo raiva e tende a ficar paralítico. Incapaz de voar e se movimentar, ele cai ao chão. O gato possivelmente foi tentar capturar esse morcego caído que, para se defender, possivelmente mordeu o gato e inoculou o vírus da raiva nesse gato”, acrescenta o virologista Paulo Eduardo Brandão.
Em cães e gatos os sintomas são: agressividade, salivação abundante e dificuldade para engolir. O cachorro ainda muda o latido. No ano passado, a vacinação contra a raiva atrasou em São Paulo e muitos donos pagaram para imunizar os animais. O Ministério da Saúde, responsável pela distribuição das doses, admite dificuldades.
“No ano de 2010, a vacina que era utilizada apresentou problemas porque vários animais, principalmente gatos e cachorros de pequeno porte, apresentaram reações graves, alguns inclusive com morte do animal. Com isso, o ministério suspendeu a vacina. Em 2011, foram realizados testes de segurança nessas vacinas. Foi mudado o processo de fabricação para que a gente tenha uma vacina mais segura”, explica o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.
Segundo o ministério, ocorrem por ano no país cerca de 70 casos de raiva em animais. “As regiões críticas do Brasil, principalmente o Nordeste, o Norte e alguns estados da Região Centro-Oeste. Casos de raiva humana felizmente no Brasil se encontram muito próximo da eliminação. No ano passado nós só tivemos dois casos de raiva humana, ambos no Maranhão, e foram decorrentes principalmente de circulação do vírus entre cães”, completa o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.
A raiva é transmitida por cães, gatos ou morcegos quando mordem ou arranham. A pessoa deve lavar o local com água e sabão e procurar os serviços de saúde. “A raiva sempre mata. Um caso de raiva é sempre letal. Em seres humanos, os sintomas são bastante inespecíficos no começo. Pode ser uma dor de cabeça ou uma sensação de coceira no local da mordida. Isso acaba evoluindo para convulsões, alucinações, paralisia e sempre coma e morte”, alerta Paulo Eduardo Brandão, virologista da USP.
O Ministério da Saúde informou que dois milhões de doses da vacina contra a raiva foram enviados para São Paulo no início deste mês. A previsão é que o estado receba 7,5 milhões de doses, mas ainda não há data para a campanha de vacinação. No ano passado, dois casos de raiva humana foram registrados no Maranhão.
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