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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

'Pardal é solução, mas é preciso controlar motos', diz Alexandre Garcia


Pelo DPVAT, no ano passado, das 605 indenizações por invalidez por dia no Brasil, 70% foram para gente que estava em uma moto.

O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) acabou com a exigência de placas, aquelas que indicam onde tem radar. Só agora o Contran se arrepende da solidariedade com o infrator, que é por uma placa avisando da presença do pardal à frente. Foi uma interpretação maliciosa do artigo 94 do código, que manda sinalizar obstáculos na pista.
Seria como avisar: “Este quarteirão é policiado”. O essencial é manter o motorista com a sensação de estar sendo vigiado. Nos Estados Unidos, na estrada, há o aviso: vigilância aérea. Aí o motorista não sabe se está sendo vigiado por satélite, por avião ou por helicóptero. Na dúvida, não ultrapassa a velocidade legal.
Seria o pardal a solução? É. Mas, para diminuir as mortes, teria de controlar também as motos. Elas têm passado por um cantinho da pista onde não há o sensor no piso. Pelo DPVAT, no ano passado, das 605 indenizações por invalidez por dia no Brasil, 70% foram para gente que estava em uma moto. Repetindo: são 605 casos de invalidez por dia no trânsito, no mínimo (porque há muitas motos sem placas), e umas 200 mortes por dia. É o maior morticínio do planeta, incluindo as guerras nos últimos 60 anos – e não nos escandalizamos com isso. A velocidade e a bebida são as causas principais.
É bom registrar que tanto pardal é um bom negócio para quem vende. Muita gente reage, chamando de indústria de multa. Pois eu proponho que acabemos com isso. Basta andarmos dentro da velocidade legal e vai despencar a arrecadação de multas. Aí vamos descobrir que vai despencar também a arrecadação da senhora morte.

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