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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Alexandre Garcia: ‘Amadorismo no lugar de profissionalismo’


No Brasil, muitos prédios com muito menos andares já ruíram, sem contar pontes e viadutos. Material ruim, às vezes cálculo estrutural inexistente.

A tragédia dos prédios desabados expôs um problema que não é só do Rio de Janeiro, mas de muitas cidades brasileiras: a falta de conservação e de cuidado com os prédios. A prefeitura agora quer exigir documentos periódicos sobre as condições dos prédios.
É bom lembrar que o arranha-céu, que já foi o mais alto do mundo, com 57 andares, está em Nova York, sólido e firme, e comemora o centenário no ano que vem. Esse prédio de Nova York Fica bem perto do lugar em que estavam as Torres Gêmeas, que entraram em colapso depois do choque de dois aviões.
No Brasil, muitos prédios com muito menos andares já ruíram, sem contar pontes e viadutos. Material ruim, às vezes cálculo estrutural inexistente, localização perigosa – enfim, muitas vezes amadorismo e improvisação em lugar de profissionalismo.
Uma simples gambiarra de dois fios para substituir uma tomada em país sério é sacrilégio que cria risco de fogo. Aqui se faz reforma sem registro, sem alvará, clandestinamente. Um prédio não é para sempre. Não tem a solidez de uma pirâmide de faraó, mas pode durar muito se houver manutenção, como se observa em centro histórico de cidades europeias e asiáticas, onde as edificações têm séculos. O Japão tem templos de madeira com mais de mil anos.
Este episódio do Edifício Liberdade mostra para todos os condomínios do país que ser síndico é ter um encargo pesado, cheio de responsabilidades, porque além de representar os condôminos, de fato é também um agente da lei, do código de posturas, da fiscalização da prefeitura, responsável de alguma forma pela saúde do prédio com todas as implicações de estrutura, água e esgoto, energia elétrica e gás, além do bem-estar dos ocupantes.
Só quando há uma surpresa como essa do Centro do Rio, vem de novo como uma onda a vontade de derrubar o amadorismo e a improvisação criativa para impor um padrão de ordem capaz de evitar ao máximo que se repitam as tragédias.

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