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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Um ano depois, Teresópolis ainda tem marcas da tragédia da chuva

 

Nunca houve noite como aquela em Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. A avalanche de água que despencou mergulhou seis cidades em um pesadelo.

O Bom Dia Brasil também participou da cobertura da tragédia em Nova Friburgo em janeiro de 2011. A apresentadora Renata Vasconcellos retornou ao local onde esteve e reencontrou personagens e lugares muito afetados pela chuva.

“O mundo parece que está acabando”, lamenta uma menina.

“Acabou tudo, gente. Não tem como ficar nesse lugar mais”, diz uma mulher chorando.
Nunca antes houve noite como aquela em Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, Região Serrana do Rio. A avalanche de água que despencou do céu naquele 11 de janeiro mergulhou seis cidades em um pesadelo.

O bairro do Calene, em Teresópolis, foi um dos mais atingidos pelas chuvas. Era possível ver diversos corpos passando em sacos plásticos, em um cenário irreconhecível. O rio já escoou, mas muitas marcas da tragédia continuam para relembrar o que aconteceu há um ano.

Andando pelas ruas do bairro, reencontramos Dona Elena, a mulher que, durante as chuvas, acolheu, solidária, vizinhos que perderam tudo. Na varanda de casa, ela mostrou o que fazia durante as noites de chuva: rezava para que a montanha que fica atrás da casa dela não descesse. Aquele janeiro se foi, mas a preocupação do verão passado permanece na varanda.

Beth também sente medo da chuva. Com casa na beira da encosta, ela e a família escaparam da morte por muito pouco: ela desceu o caminho no meio da chuva, com um ferimento no olho, carregando duas crianças.

“Sinto tristeza, porque eu tinha uma casa. Tinha para onde voltar todos os dias. A minha esperança é ter o meu canto, viver dignamente”, conta.

Pouco mais de sete mil famílias recebem aluguel social na Região Serrana. São R$ 500 mensais, dinheiro que faz muita falta para Seu Eliézio. Ele nunca recebeu o benefício. Sem ter para onde ir, ele e a mulher voltaram para casa que ameaça desabar.

“Eu só penso em Deus. A vontade do homem não adianta pensar”, lamenta.

O Ministério Público do Rio estima que outras duas mil casas condenadas voltaram a ser ocupadas.
“Eles falaram para sair de casa, mas para onde a gente vai? Toda noite a gente vai e volta. É triste”, lamenta um senhor.

Mas há lugares para onde ninguém quer voltar. No bairro da Posse, em Teresópolis, o desespero da tragédia deu lugar a uma espera silenciosa, quieta. Uma placa sustenta por escrito o socorro que a voz cansou de pedir.

“Um ano depois nada melhorou. Vocês podem ver, não mexeram em nada aqui. Tenho esperança, mas não tem previsão. Pode ser hoje, amanhã, daqui a cinco ou dez anos”, diz um homem.

Em um lugar, ainda há terra que ficou depois que a água baixou. Nos dias de chuva, vira lama. Nos dias de sol, uma poeira insuportável.

Nem é preciso andar muito para se chegar a outro lugar abandonado. Dois quilômetros a frente está um dos pontos mais destruídos da serra: o Campo Grande. Uma grande parte do bairro continua inacessível, os carros não passam. São casas marcadas para ir ao chão, mas que continuam cambaleantes para lembrar o pesadelo.

Quem pode deixou para trás. Um menino na bicicleta ri sem jeito e diz que quer ir para outro lugar. No Campo Grande, não tem mais ninguém para brincar.

O governo do Rio disse que já foram gastos R$ 44 milhões de reais para retirar lama e entulho das áreas atingidas. Sobre a construção de novas casas, a previsão é que cerca de cinco mil imóveis sejam construídos até 2013, com recursos do Governo Federal, dentro do programa Minha Casa, Minha Vida.

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