O ritmo está acelerado e o barulho, alto. A Passarela do Samba está em obras. A reforma só vai terminar poucos dias antes dos desfiles.
São mais de 600 operários, com obras que não param nem à noite. A proximidade do carnaval exige dedicação em ritmo acelerado. Desde 1984, quando foi inaugurado, esta é a maior reforma já feita no Sambódromo da Marquês de Sapucaí. São varandão em muitos camarotes, com vista privilegiada de toda a Avenida e também para quem estiver nas arquibancadas, em quase seis meses de muito trabalho e desafios.
“Tivemos duas grandes dificuldades: duas vigas de transição muito grandes para passar sobre a galeria do metrô, e uma galeria de águas pluviais que era praticamente um riacho e que tivemos de desviar”, explica o engenheiro Fred Boabaid.
“Isso aqui é o novo Maracanã. É o Maracanã do samba”, define o secretário municipal de Turismo, Antônio Pedro de Mello.
Assim ficará o maior palco do mundo: com mais de 77 mil lugares, camarotes dos dois lados da passarela, maior segurança e mais conforto. Tudo isso seguindo à risca o projeto inicial de Oscar Niemayer. Todas as mudanças e ampliações foram aprovadas pelo arquiteto. Pela pista do samba, vai passar a grande homenagem ao carnavalesco Joãosinho Trinta.
Para reverenciar o artista, a volta de uma de suas grandes ousadias: a do carnaval da Beija-Flor de Nilópolis em 1989: os miseráveis da sociedade na ala “Ratos e urubus”. Na época, a estátua do Cristo Redentor cercada por mendigos causou polêmica. A imagem teve de entrar na Avenida coberta.
Este ano, na última ala do enredo que homenageia São Luís do Maranhão, terra de Joãosinho Trinta, 500 mendigos repetirão a coreografia e a dramaticidade criadas pelo carnavalesco. “Revivendo aquele momento inesquecível, vem tudo à tona de novo. Foi um trabalho foi feito com muito amor”, diz um integrante da ala.
O que mais terá nesta homenagem? Segredíssimo. A única frase que se escuta é: a emoção vai arrepiar a Marquês de Sapucaí.
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