Sasha Alyson usa até elefante para distribuir livros feitos por sua equipe.
Série do G1 conta histórias de empreendedores sociais pelo mundo.
Em uma viagem ao outro lado do mundo, o americano Sasha Alyson reparou em um detalhe que passaria desapercebido à maioria dos turistas convencionais: no Laos, quase não existem livros infantis. Principalmente na língua oficial, o lao. Encantado com o povo e com o lugar, Sasha decidiu voltar ao país – e levou com ele sua experiência na área editorial.
Três anos depois, Sasha montou a Big Brother Mouse, uma editora que publica obras para os pequenos laocianos.
[O G1 publica, nesta quinta e sexta (1º e 2), a série 'Transformadores - pessoas que mudam o mundo', que conta histórias de gente que mudou a própria vida para melhorar a realidade de outras pessoas.Conheça todos os protagonistas da série.]
Hoje, depois de 8 anos, a Big Brother Mouse ('Grande Irmão Rato') tem 170 títulos publicados, ilustrados e distribuídos em escolas, salas de espera de hospitais e 'festas de livros', promovidas pela editora. Os livros chegam até as áreas mais remotas do país, nem que tenham de ser entregues de elefante.
A maioria dos funcionários da Big Brother Mouse é de jovens laocianos, que traduzem, ilustram e até escrevem as obras. Sasha, que se mudou em definitivo para a Ásia, escreveu muitos dos livros e bancou a iniciativa nos primeiros anos. Agora, o projeto é financiado com doações e parcerias. Além de serem vendidos por preços baixos (custam menos de US$ 1), os livros podem ser baixados pela internet.
Conheça Sasha:
G1 - Quando você teve a ideia de levar livros infantis para o Laos?
Sasha Alyson - Eu tive a ideia em maio de 2003, quando visitei o Laos pela primeira vez e não vi nenhum livro na língua lao (eles existiam, mas não eram muitos e a maioria circulava só na capital). Eu não tive a ideia antes de ir, mas naquela época eu tinha acabado de vender um negócio de turismo que tinha e estava livre para me mudar para qualquer lugar que quisesse.
Sasha Alyson - Eu tive a ideia em maio de 2003, quando visitei o Laos pela primeira vez e não vi nenhum livro na língua lao (eles existiam, mas não eram muitos e a maioria circulava só na capital). Eu não tive a ideia antes de ir, mas naquela época eu tinha acabado de vender um negócio de turismo que tinha e estava livre para me mudar para qualquer lugar que quisesse.
G1 - Como foram os meses entre a decisão de montar a editora e as primeiras publicações?
Sasha - Passei 3 anos indo e vindo, baseado na Tailândia, para desenvolver a ideia, decidir se era factível e conhecer pessoas - governantes, professores, jovens etc.
Sasha - Passei 3 anos indo e vindo, baseado na Tailândia, para desenvolver a ideia, decidir se era factível e conhecer pessoas - governantes, professores, jovens etc.
G1 - Quais foram as maiores dificuldades no começo? E agora?
Sasha - Uma das maiores dificuldades era que eu estava trabalhando com jovens que nunca tinham lido um bom livro e tentando ajudá-los a escrever um. Nós desenvolvemos várias abordagens, que foram bem sucedidas, como descrevemos no nosso site (em inglês).
Sasha - Uma das maiores dificuldades era que eu estava trabalhando com jovens que nunca tinham lido um bom livro e tentando ajudá-los a escrever um. Nós desenvolvemos várias abordagens, que foram bem sucedidas, como descrevemos no nosso site (em inglês).
G1 - Os livros são gratuitos?
Sasha - Os livros são vendidos a preços muito baixos, tornando possível o financiamento por cada livro. Quando vamos a um vilarejo, damos os livros para a escola de graça. Isso só é possível porque conseguimos financiamento para essas doações.
Sasha - Os livros são vendidos a preços muito baixos, tornando possível o financiamento por cada livro. Quando vamos a um vilarejo, damos os livros para a escola de graça. Isso só é possível porque conseguimos financiamento para essas doações.
G1 - Você poderia contar a história do elefante Boom Boom?
Sasha - Por favor, observe que só usamos Boom Boom [para entregar os livros] ocasionalmente - e outros elefantes em outras áreas - quando é apropriado para a circunstância. Mas é muito legal para as crianças do vilarejo e uma agradável mudança para nosso staff também.
Sasha - Por favor, observe que só usamos Boom Boom [para entregar os livros] ocasionalmente - e outros elefantes em outras áreas - quando é apropriado para a circunstância. Mas é muito legal para as crianças do vilarejo e uma agradável mudança para nosso staff também.
G1 - Sua vida mudou um tanto nos últimos anos, certo? Hoje você mora no Laos?
Sasha - Minha vida está mais ocupada do que nunca, acho, e muito satisfatória. A maior parte do tempo trabalho em um escritório, ajudando pessoas a aprender habilidades ou fazendo trabalhos diretos. Mas regularmente vou aos povoados onde vejo os livros sendo usados. Vejo tanto crianças como adultos se empolgando com eles. A melhor parte é que, após vários anos, nós estamos apenas começando a ver um hábito de leitura criar raízes.
Sasha - Minha vida está mais ocupada do que nunca, acho, e muito satisfatória. A maior parte do tempo trabalho em um escritório, ajudando pessoas a aprender habilidades ou fazendo trabalhos diretos. Mas regularmente vou aos povoados onde vejo os livros sendo usados. Vejo tanto crianças como adultos se empolgando com eles. A melhor parte é que, após vários anos, nós estamos apenas começando a ver um hábito de leitura criar raízes.
G1 - E vale a pena?
Sasha - Nosso staff acabou de se instalar no distrito de Ngoi, num vilarejo acessível apenas pelo rio, onde montamos uma sala de leitura. Temos um novo livro sobre a Segunda Guerra Mundial, que eles ainda não receberam. Então alguém foi até uma aldeia em uma estrada, onde tinha o livro, e pagou US$ 0,25 para levar emprestado por duas semanas. Fiquei bastante emocionado porque a pessoa teve interesse suficiente para fazer isso. Nossa equipe também viu as crianças que vão aos campos sentarem-se ali enquanto os pais trabalham. Agora, alguns deles têm livros. Ninguém nunca tinha visto isso alguns anos atrás. Então, sim, definitivamente vale a pena.
Sasha - Nosso staff acabou de se instalar no distrito de Ngoi, num vilarejo acessível apenas pelo rio, onde montamos uma sala de leitura. Temos um novo livro sobre a Segunda Guerra Mundial, que eles ainda não receberam. Então alguém foi até uma aldeia em uma estrada, onde tinha o livro, e pagou US$ 0,25 para levar emprestado por duas semanas. Fiquei bastante emocionado porque a pessoa teve interesse suficiente para fazer isso. Nossa equipe também viu as crianças que vão aos campos sentarem-se ali enquanto os pais trabalham. Agora, alguns deles têm livros. Ninguém nunca tinha visto isso alguns anos atrás. Então, sim, definitivamente vale a pena.
Conheça uma das histórias mais vendidas da editora Big Brother Mouse:
O gato que meditava
Recontada por Siphone Voutthisakdee
Recontada por Siphone Voutthisakdee
"Uma vez, há muito tempo, um gato rasgou a parte inferior de uma cesta. Então ele colocou a cesta em volta do pescoço, e fingiu que estava meditando.
No dia seguinte, alguns ratos passaram por perto. "Tio Gato", perguntou um gato, "por que você não sai e vai buscar algo para comer?" O gato respondeu: "Eu costumava comer ratos, mas isso estava errado. De agora em diante, eu nunca vou comer carne ou peixe novamente. Eu só vou comer legumes, ervas e brotos de bambu. Eu vou seguir as regras do budismo, e fazer coisas boas todos os dias. Ao morrer, eu não vou ter um carma ruim quando renascer, e eu não vou para o inferno."
No dia seguinte, alguns ratos passaram por perto. "Tio Gato", perguntou um gato, "por que você não sai e vai buscar algo para comer?" O gato respondeu: "Eu costumava comer ratos, mas isso estava errado. De agora em diante, eu nunca vou comer carne ou peixe novamente. Eu só vou comer legumes, ervas e brotos de bambu. Eu vou seguir as regras do budismo, e fazer coisas boas todos os dias. Ao morrer, eu não vou ter um carma ruim quando renascer, e eu não vou para o inferno."
Quando os ratos ouviram isso, eles acreditaram que o tio gato faria o que havia dito, então concordaram em se revezar cuidando dele. Todos os dias, um rato trazia vegetais, brotos, e grama para ele comer.
Muitos dias se passaram. Mas o tio gato não conseguia comer apenas vegetais, brotos de bambu e grama em vez de carne e peixe. Então, todos os dias quando um novo rato vinha trazer comida e cuidar dele, o tio gato o pegava e comia.
Antes de conversar com o gato e começar a levar-lhe comida, havia muitos ratos. Mas depois de um tempo, os roedores notaram que havia menos deles. Um dia, eles foram para a floresta para encontrar comida e viram que as fezes do gato estavam cheias de pêlo de rato.
Agora, os ratos sabiam que o gato não estava seguindo sua promessa. Ele havia mentido. Depois disso, o gato cavou um buraco e enterrou seus excrementos para escondê-los dos ratos. Mas os ratos cavaram um buraco também, onde podiam viver em segurança, sem medo do gato.
É por isso que gatos e ratos nunca mais foram amigos."
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