Em grandes cidades, as companhias de abastecimento garantem que mantêm rigorosos sistemas de controle, de acordo com exigências do Ministério da Saúde.
A água é um bem precioso, indispensável à vida, mas nem sempre disponível. Esta quinta-feira, 22 de março, é o Dia Mundial da Água, e o planeta aproveita para fazer uma reflexão.
No Brasil somos privilegiados. As reservas são muitas e de qualidade, mas o abastecimento ainda não é para todos. E estudos mostram que nossos rios pedem socorro. Eles agonizam, e quem sofre é população que fica sem abastecimento ou paga caro pela água.
A repórter Monalisa Perrone sobrevoou um importante manancial da cidade de São Paulo, a Represa de Guarapiranga, porque abastece quatro milhões de pessoas da região sudeste de São Paulo, e é um dos mais ameaçados pela ocupação irregular. Milhares de pessoas moram à beira da represa em condições precárias e prejudicando a água que tanto precisam beber.
O Brasil tem bastante água, mas ela está longe de onde vive a maioria da população. E estamos gastando cada vez mais para tratar a água que consumimos.
O Brasil tem 12% de toda a água superficial doce do planeta, segundo estudo divulgado pela ONU, só que a maioria está concentrada na Amazônia. E a maior parte da população fica nas regiões Sudeste e Nordeste. Mesmo com o problema da localização, a água existente nos mananciais espalhados país afora dá conta de atender o consumo. Mas e a qualidade?
Em grandes cidades, como Brasília, Curitiba, Salvador e Rio de Janeiro, as companhias de abastecimento garantem que mantêm rigorosos sistemas de controle, de acordo com exigências do Ministério da Saúde. O mesmo acontece em São Paulo. No estado, são gastos 67 mil litros de água por segundo, para abastecer a capital e a Região Metropolitana, e 20 milhões de pessoas dependem do sistema.
Durante toda a etapa de tratamento, a qualidade da água é monitorada de hora em hora em laboratórios, 24 horas por dia. A partir dessas análises, é possível mudar o processo de tratamento, aumentando ou diminuindo a quantidade de produtos químicos, para garantir água potável, própria para o consumo humano.
“Garante a qualidade da água até a entrada na casa do consumidor, o que a gente chama de cavalete. Daí pra frente, a responsabilidade passa a ser do consumidor”, aponta a gerente de tratamento da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Claudia Mota.
A recomendação é limpar a caixa d’água de casa a cada seis meses, mas não é só o tratamento da água que preocupa os especialistas. Um estudo feito pela Fundação SOS Mata Atlântica analisou a água de 49 rios espalhados pelo Brasil. E em todos, a qualidade foi regular ou ruim. O que significa um sinal amarelo, de alerta, como avalia a especialista em Recursos Hídricos Marussia Whately.
“Nós estamos desenvolvendo processos no Brasil, seja relacionado ao uso agrícola com a utilização de agrotóxico e poluição da águas, seja pelo enorme despejo de esgoto que é feito na grande maioria das cidades brasileiras, nós estamos comprometendo a qualidade da nossa água, e isso vai comprometer o uso dela, porque ela não vai ter qualidade para ser usada”, declara a especialista.
Para manter a qualidade dos nossos reservatórios de água, é fundamental manter a vegetação que está na margem dos nossos mananciais. A mancha na beira da Represa de Guarapiranga são algas que cresceu pela sujeira e pela destruição da vegetação, justamente por causa da ocupação irregular. Nos meses de mais calor, a cor da água chega a ficar verde.
Muita gente também reclama do cheiro de cloro na água. A Companhia de Saneamento de São Paulo diz que o cloro não representa perigo para o consumidor. Mas não dá para negar que o gosto e o cheiro ficam estranhos. Quanto mais poluída é a água, mais cloro é usado.
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