Total de visualizações de página

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Transplante de rosto de militar americano provoca discussão ética

 

Nos EUA, um único hospital já transplantou o rosto de três pacientes. Uma imagem impressionante de mais um caso de superação da ciência.




Uma história que correu o mundo pela internet. Um militar americano passou por uma cirurgia transformadora, depois de ter o rosto destruído. É uma imagem impressionante de mais um caso de superação da ciência. Nos Estados Unidos, um único hospital já transplantou o rosto de três pacientes.
O caso mais impressionante foi o de Mitch Hunter, um militar que aos 20 anos bateu o carro em um poste. Quando tentava salvar a passageira, foi atingido por uma descarga elétrica de alta tensão. Perdeu parte da perna, da mão e ficou com o rosto completamente destruído, desfigurado pelas queimaduras. Depois de ver os coleguinhas de escola do filho fugindo, assustados, decidiu fazer a cirurgia mais radical de sua vida: um transplante de rosto. A reportagem de Michelle Barros mostra os resultados impressionantes, os desafios e as discussões que esse tipo de cirurgia levantam.
Uma nova face e um novo homem: Mitch Hunter é o caso mais bem-sucedido de um transplante de rosto no mundo. Sete meses depois da cirurgia, o americano diz que as sensações estão voltando aos poucos. Ele já consegue falar e se sente feliz com o resultado.
Mitch teve o rosto desfigurado em 2001 depois de um acidente de carro. Ele tinha apenas 20 anos. O ex-soldado conta que as crianças o viam na rua e ficavam com medo. O nascimento do filho Clayton o motivou a fazer o transplante.
A primeira cirurgia desse tipo foi realizada em 2005, na França. Depois outros casos surgiram na Espanha, China e Estados Unidos. No Brasil, ainda não existe previsão de quando o transplante facial vai começar a ser realizado, mas especialistas da área dizem que já existem médicos preparados para realizar esse tipo de procedimento.
A discussão é ética. O sistema de defesa da pessoa pode atacar a face transplantada. Para evitar a rejeição, os médicos prescrevem altas doses de medicamentos. Os remédios diminuem a atividade do sistema imunológico e são capazes de provocar uma série de efeitos colaterais.
“A rejeição é maior do que em qualquer outro órgão transplantado e podem acarretar problemas graves, como infecções, alterações de órgãos e diabetes, quase todos acabam evoluindo para o diabetes. O mais importante também é o risco de desenvolvimento de tumores malignos. Tudo isso somado, você tem risco de vida para esses pacientes”, alerta Luiz Eduardo Abla, cirurgião plástico da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Para colocar o rosto de outra pessoa no paciente é preciso, além de costurar a face, ligar nervos, músculos e artérias. Trata-se de uma tarefa delicada e complexa, sem garantia de devolver movimentos e expressões.
“Então, o paciente ideal tem de ter uma compatibilidade com o doador da face. Além disso, ele tem de ter defeito na face que justifique um procedimento desse porte”, explica Luis Henrique Ishida, diretor departamento científico da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
Os médicos brasileiros dizem que remédios com menos efeitos colaterais já estão em desenvolvimento. Mas, eles acreditam que pode levar, pelo menos, uma década para que os procedimentos sejam realizados com mais sucesso e mais frequência.
Os médicos também dizem que as comissões de ética para discutir a realização desse tipo de cirurgia no Brasil, precisam ser criadas dentro de cada hospital que pense em realizar o procedimento. No Hospital das Clínicas de São Paulo já existe um grupo de estudo nesse sentido.

fonte: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2011/12/transplante-de-rosto-de-militar-americano-provoca-discussao-etica.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário