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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Rodrigo Pimentel: ‘Polícia Civil busca a capilaridade do jogo do bicho’

 

Por que não mexeu nos bicheiros? Esta é a resposta: uma megaoperação, chegando também aos caças-níqueis e os dispositivos eletrônicos.



Em uma operação enorme da Polícia Civil do Rio de Janeiro, 700 agentes e 120 delegados estão na manhã de quinta-feira (15) invadindo casas de contraventores do jogo do bicho. Tem até policial chegando de rapel na cobertura triplex de um dos acusados, o patrono e presidente de honra da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis.
O jogo do bicho é histórico no Rio de Janeiro. Pela primeira vez, há uma disposição da Polícia Civil [para combatê-lo]. Até então, a Polícia Federal algumas vezes no Rio realizou operações pontuais, prendendo esses chefes do jogo do bicho. No entanto, uma operação como essa é absolutamente inédita na cidade.
Era uma grande crítica ainda à segurança pública, que conseguiu pacificar as favelas do Rio de Janeiro. Por que não mexeu nos bicheiros? Esta é a resposta: uma grande operação, com mandado de prisão e buscando toda a capilaridade do jogo do bicho, chegando também aos caças-níqueis e os dispositivos eletrônicos. O anotador está em extinção – agora é uma máquina eletrônica. Então, a polícia conseguiu chegar a toda essa organização.
Essas prisões mexem diretamente com o mercado de jogos clandestinos. A gente sabe também do envolvimento de alguns dos acusados com as escolas de samba do Rio de Janeiro. É possível que ainda não mexam na aposta. É possível que o carioca acorde e, na esquina da sua casa ou na banca de jornal, encontre ali um anotador, que existe desde a década de 1920.
O que acontece agora? Desarticula a grande máfia. É crime organizado. O tráfico não é organizado, o jogo do bicho é. O que parece uma aposta ingênua na esquina das casas esconde uma rede de assassinatos, corrupção polícia, financiamento de campanhas públicas e corrupção de policiais.


O crime organizado tem uma simbiose e uma ligação com o estado – e o jogo do bicho sempre teve essa ligação com policiais e com políticos. Há cerca de um ano, a chefe da Polícia Civil do Rio, delegada Marta Rocha, prometeu que ela enfrentaria o jogo do bicho, que nunca foi enfrentado no Rio de Janeiro com disposição pela Polícia Civil. Esta é a resposta dela.
Contraventores já foram presos e condenados no Rio de Janeiro. Não é a primeira vez. Foi na década de 1990, pela então juíza Denise Frossard. Foram presos também na Operação Furacão, da Polícia Federal, há pelo menos três anos. O próprio Anísio [Anísio Abraão David, patrono da Beija-Flor] foi preso pela Polícia Federal nessa operação. No entanto, ele não foi condenado.
Diferente das demais, essa operação [da Polícia Civil] abrange todo o estado do Rio de Janeiro e investiga formação de quadrilha. Chega à Região Serrana, Friburgo e Teresópolis. A polícia consegue chegar no momento da transição do anotador para a tecnologia eletrônica. O jogo do bicho tinha uma sofisticação: ele não anotava mais. Ele tinha uma máquina, muito parecida com a de cartão de crédito. É um inquérito mais amarrado, um relatório mais bem feito. Com certeza, a partir de agora esses contraventores ficam presos.


fonte: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2011/12/rodrigo-pimentel-policia-civil-busca-capilaridade-do-jogo-do-bicho.html

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