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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Vinte crianças de abrigo devem passar Natal com ‘padrinhos’ em GO

 

Escolha dos voluntários é feita por entrevista, visita à residência e curso.
Em oito anos, projeto já ajudou 29 crianças a encontrar uma nova família.

Versanna Carvalho e Humberta Carvalho Do G1 GO

Condomínio Sol Nascente, em Goiânia, recebe crianças em situação de abandono (Foto: Wildes Barbosa/O Popular)
 
 
Abrigo Sol Nascente recebe crianças em situação
de abandono (Foto: Wildes Barbosa/O Popular)
 
Neste Natal, cerca de 20 crianças que vivem em um abrigo de Goiânia terão a oportunidade de vivenciar uma realidade diferente da que estão acostumadas. Elas vão passar as festas de final de ano com uma família de 'padrinhos', que são voluntários selecionados pelo Projeto Anjo da Guarda do Juizado da Infância e da Juventude, que hospedam as crianças durante feriados prolongados e férias escolares. A maioria desses padrinhos afirma que tem interesse em adotar uma criança.

A escolha dos voluntários é feita a partir de entrevista, visita à residência do casal e um curso preparatório. Os interessados em apadrinhar crianças devem formalizar esse desejo por meio de um processo. Atualmente, existem mais de 50 casais aptos a participar do projeto e 25 deles foram selecionados para receber as crianças neste final de ano.

Segundo a coordenação do projeto, a maior parte dos voluntários é casada, tem entre 30 anos e 50 anos, é de classe média e nível superior de escolaridade. “Alguns já têm um filho e pensam em adotar e há também casais que não têm ou não podem ter filhos”, diz a coordenadora do Projeto Anjo da Guarda e psicóloga, Clarisse Ribeiro Dias dos Santos.
Essa é a intenção do professor universitário Uene José Gomes e da professora da rede municipal Mônica Gomes, que estão em processo de adoção. Desde fevereiro deste ano, o casal participa do projeto e, em novembro, conseguiram a guarda provisória de uma menina de 6 anos.
O casal tem dois filhos, de 17 e 20 anos, e diz estar realizando o sonho de ter uma filha. “É muito interessante porque, da mesma forma como um neném nasce, a gente também passa por um processo de conhecimento com a criança. Ela [a filha adotiva] já nos trata como pai e mãe. Temos aprendido a cada dia”, conta Uene Gomes.
Condomínio Sol Nascente, em Goiânia, recebe crianças em situação de abandono (Foto: Wildes Barbosa/O Popular)
 
 
Crianças vão para lares de padrinhos neste Natal
(Foto: Wildes Barbosa/O Popular)
 
 
Perfil das crianças
O número de padrinhos costuma ser maior do que o das crianças do Projeto Anjo da Guarda, mas nem todas conseguem participar do programa, devido às preferências dos voluntários. A maioria tem interesse em apadrinhar meninas com idades entre 5 e 8 anos. Enquanto que os critérios de inclusão de crianças e adolescentes (de 5 anos a 17 anos) trabalha com uma faixa de idade mais abrangente e com ambos os sexos.
A coordenadora do projeto explica que a maioria das crianças selecionadas está fora desse perfil. “São meninos com mais de dez anos”, observa Clarisse. Há ainda outros fatores limitantes. Só podem participar do programa as crianças que não têm família. “O nosso objetivo, em primeiro lugar, é aproximar essas crianças dos seus familiares, manter os vínculos, ainda que esses parentes não tenham condições de levá-las para definitivamente para casa”, comenta a psicóloga.
Para o professor Uene Gomes, trata-se de uma 'aprendizagem recíproca'. "Os valores que ela tinha foram marcados por traumas e ausências. Nosso desejo é que possa ser um processo mais aprofundado e definitivo”, ressalta.
Segundo Clarisse, há os casos em que o psicólogo constata que a criança não tem maturidade emocional para ser adotada temporariamente e depois retornar ao abrigo. "É também por essa razão que os menores de 5 anos não podem participar do programa”, pondera.
Histórico
Ao final, é feito um cruzamento de dados entre o perfil das crianças e o que os padrinhos desejam. Nesse momento, outras questões podem interferir: grupos de irmãos devem permanecer juntos, problemas de saúde, de comportamento, histórico da criança (se já foi vítima de maus-tratos ou abuso sexual).
Depois dessa etapa, é dada uma autorização judicial para que o casal de padrinhos conheça a criança. “Essa autorização que o juiz emite permite aos padrinhos levar o menor para passar feriado, férias escolares ou feriado prolongado com a sua família. Em alguns casos, podem até viajar, se houver boa adaptação de ambas as partes. Alguns voltam antes do Natal”, explica a coordenadora do projeto Anjo da Guarda.

O prazo limite para a criança retornar ao abrigo é de, pelo menos, uma semana antes do retorno às aulas. “A criança precisa de um tempo para se readaptar à instituição e aos estudos. Por mais madura que seja, ela sente a diferença de ambiente e pode ficar chorosa, triste e até não dormir bem à noite”, relata Clarisse.

Os interessados em participar do Projeto Anjo da Guarda podem entrar em contato com o Juizado da Infância e da Juventude a partir de 10 de janeiro de 2012. Primeiro, pelo telefone (62) 3236-2721 para agendar o dia e o horário da entrevista que será feita com um técnico e dos documentos necessários. Depois, ocorre a formalização do processo e a visita à residência do candidato. O último passo é o curso.

Finais de semana e feriados
O apadrinhamento pode ser feito durante todo o ano e não apenas no Natal se houver uma boa adaptação entre as partes. As visitas podem ocorrer nos finais de semana, férias e finais de semana prolongados. “A nossa maior orientação é a de que a família aguarde e reflita bastante antes de requerer a guarda do menor. Essa decisão deve ser tomada com calma e sem precipitação para que a criança e os próprios padrinhos não sofram caso não haja uma boa adaptação”, destaca.

Depois do surgimento do projeto em 2003, 29 crianças e adolescentes foram adotados e o processo de adoção foi concluído; 34 estão com o processo de guarda concluído e cerca de seis pedidos de guarda estão com guarda em andamento. “Das guardas concluídas, cerca de 12 famílias entraram com pedido de adoção está em tramitação”, afirma a psicóloga.

fonte: http://g1.globo.com/goias/noticia/2011/12/vinte-criancas-de-abrigo-devem-passar-natal-com-padrinhos-em-go.html

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