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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Procura por curso mais concorrido da Fuvest cresce 507% em dez anos

 

Engenharia civil em São Carlos tem 52,27 candidatos por vaga.
Para especialista, economia forte aumentou demanda por engenheiros civis.

Ana Carolina Moreno Do G1, em São Paulo

 
 
 
Escola de Engenharia da USP em São Carlos (Foto:
Marcos Santos/USP Imagens )
No vestibular da Fuvest, em 2003, o curso de engenharia civil que a Universidade de São Paulo promove no campus de São Carlos tinha uma procura relativamente baixa, com média de 10,3 candidatos por vaga, e era apenas o 53º da lista dos mais disputados. Agora, dez vestibulares depois, a concorrência disparou: com 52,27 candidatos por vaga, o curso da Escola de Engenharia de São Carlos da USP deixou até a concorrência por medicina para trás para ser, pela primeira vez na história, o curso mais concorrido da Fuvest.
Em relação aos últimos dez vestibulares, o salto da concorrência pelas 60 vagas anuais do curso foi de 507,4%. O quadro abaixo mostra a evolução da concorrência pelos cursos da USP. Até 2008, engenharia civil de São Carlos tinha estabilizado na faixa dos dez candidatos por vaga. Há três anos, a procura começou a subir exponencialmente, enquanto cursos badalados há dez anos, como publicidade e jornalismo, perderam candidatos. Para especialistas na área de engenharia civil, a tendência é a procura crescer ainda mais.
Gráfico candidato vaga Fuvest (Foto: Editoria de Arte/G1)
A aceleração da economia e o aquecimento do mercado – além da escolha do País para sediar a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, segundo eles, são os principais responsáveis pela alta demanda atual da carreira.
 “O Brasil passou os últimos 20, 25 anos com um completo desestímulo à formação de engenheiros, porque a construção civil andou bastante de lado nesses anos todos”, afirmou Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo.
Hoje, 228 mil engenheiros civis estão registrados no Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), segundo dados da entidade. Nos últimos dez anos, a média anual de novos profissionais foi de 10.4 mil. Nos dez anos anteriores, o conselho registrou em média 4,6 mil novos engenheiros da área por ano.


(Veja ao lado reportagem do 'Jornal Hoje' sobre a procura pelos cursos de engenharia e medicina)Segundo Zaidan, o fenômeno provocou inclusive um 'gap' de gerações. “Você tem engenheiros de 50 anos e recém-formados, quase não tem engenheiro de 30 e 40 anos.” Zaidan afirma que a carreira foi esquecida e que os poucos engenheiros que se formaram “foram para outras áreas, muita gente foi para o mercado financeiro”.

O novo momento da economia brasileira, a partir de 2000, acabou com a falta a demanda por profissionais do setor. “A construção civil responde muito bem ao crescimento”, analisa. Zaidan afirma que tanto engenheiros quanto técnicos médios e operários com menor ou maior qualificação também saem ganhando com a virada econômica.
Cidade atrativa
Coordenador do curso de engenharia civil da USP de São Carlos entre 2009 e outubro deste ano, o professor José Carlos Cintra também credita, à popularidade do curso, a tradição de 58 anos do curso de São Carlos e as qualidades da própria cidade do interior paulista.

“É muito boa para se morar e estudar, tem vantagens de cidade grande, mas não é cidade grande, está no interior”, contou ele. Para Cintra, a cidade, que tem pouco mais de 200 mil habitantes, tem atraído tanto os estudantes do interior paulista quanto de Estados como Paraná, Goiás e Mato Grosso. Além da USP, a cidade abriga outra grande instituição pública de ensino superior, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), além da Faculdade Integrada de São Carlos (Fadisc) e o Centro Universitário Central Paulista (Unicep).

Cintra garante que um estudante de engenharia civil da USP de São Carlos não fica sem emprego após a formatura. Ele também explica que o curso acaba recebendo muitos estudantes de outras áreas da engenharia que mudam de ideia e tentam fazer uma transferência interna para se formarem engenheiros civis.
O campus de São Carlos tem ainda os cursos de engenharia geral, engenharia aeronáutica, engenharia ambiental, engenharia de materiais e manufatura, e engenharia elétrica em computação. A USP oferece ainda cursos de engenharia nos campus de Lorena e Pirassununga, e também na Escola Politécnica, em São Paulo. O curso da Poli, na capital, tem concorrência de 15,91 candidatos por vaga. A carreira engloba todas as engenharias e, assim, oferece mais vagas.
Segundo Cintra, a diferença para o curso de São Carlos é que um estudante que quer o diploma de engenheiro civil precisa, após o primeiro ano na Politécnica, concorrer novamente para entrar no curso específico. “A escolha não é livre, porque depende da nota. Pode ser que não faça o curso que queria, não depende só dele.”


Futuro da carreira
Para o professor da USP de São Carlos, o crescimento da demanda pode estacionar nos próximos anos, mas não deve se reverter.
(Veja ao lado o Guia de Carreiras do G1 sobre engenharia civil)

“Vai acabar a Copa do Mundo, vai passar a Olimpíada, mas estamos tão atrasados em infraestrutura que o que houve foi uma mudança de patamar.”

Eduardo Zaidan, do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo, afirma que é difícil prever até quando dura o aumento da demanda, mas que “em uma economia que cresce de modo sustentável ao longo dos anos, a construção civil tem muito a oferecer para as pessoas que trabalharem com ela”.

fonte: http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2011/11/procura-por-curso-mais-concorrido-da-fuvest-cresce-507-em-dez-anos.html

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