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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

'Sentimento de dever cumprido', diz tenente da PM que prendeu Nem

 

Repórter Edney Silvestre conversou com Disraeli Gomes, o homem que coordenou a prisão do traficante mais procurado do país.

 


Honestidade, cumprimento do dever, ética, responsabilidade. Valores que andam faltando nos dias de hoje, quando se vê tantas histórias de descaso e corrupção. Mas há exemplos que alimentam a esperança em dias melhores.
O homem que coordenou a prisão do traficante mais procurado do país é um exemplo. O repórter Edney Silvestre conversou com o PM, com o cidadão chamado Disraeli Gomes.
Ele caminha com segurança. Tem a consciência limpa e muito cansaço. Disraeli Gomes, tenente da Tropa de Choque, estava sem dormir há mais de 30 horas – desde a noite de quarta-feira (9), quando participou da operação que prendeu o traficante mais procurado do Rio.
“A polícia adotou uma estratégia e fez um planejamento para que todos os carros que entrassem ou saíssem da comunidade fossem vistoriados. Passassem por um pente fino”, comentou o tenente.
A polícia pediu que os três passageiros descessem para uma revista. Mesmo sem eles, o carro parecia pesado na traseira. “Ele meio que permaneceu com a suspensão baixa. Isso fez com que desconfiássemos que alguma coisa estava na mala”, afirmou Disraeli
Os passageiros não queriam que a mala fosse aberta. Um deles disse que era diplomata e que tinha imunidade. “Disse que o porta-malas não, porque tinha documentos do consulado que eram inacessíveis”, lembrou.
Pediu, então, uma conversa com o tenente, longe dos colegas. Disse que levava muito dinheiro. Era evasão de divisas. Ofereceu uma parte dele para o policial liberar o carro. “Dentro do porta-malas tem mais de R$ 1 milhão, está abarrotado de dinheiro”, contouDisraeli.
No caminho para a Polícia Federal, houve uma nova tentativa de suborno – e nova recusa. O carro seguiu, mas não por muito tempo. “O carro se mexia como se tivesse uma pessoa dentro. Começamos a juntar peças do quebra-cabeça. Quem mais poderia sair no porta-malas de um veículo de um cônsul? Começamos a desconfiar de que seria o Nem da Rocinha. Os policiais já começaram a bater na tampa do porta-malas dizendo ‘Está preso, Nem’. Quando a tampa se levantou, lá estava o traficante. Ele estava em posição fetal e com as mãos espalmadas, abertas, com uma cara de assustado, de quem não estava acreditando”, detalhou o tenente.
Que policial é esse, que recusa R$ 1 milhão para soltar um bandido? Disraeli tem 32 anos e três filhos. Disraeli Gomes nunca pensou em ser policial. “Ele não sabe o perigo que ele está correndo. Não sabe até onde eu posso ir para defender minha honra. Eu não teria coragem de encarar minha família, meu pais, meus filhos, depois de praticar uma ação dessas”, justificou.
Que futuro ele gostaria para os filhos? “Eu tento passar meus valores, que meus pais me passaram, que eu acredito que sejam os melhores valores”, lembrou.
Depois de quase 40 horas de trabalho, Disreali Gomes, com sensação de dever cumprido, finalmente vai para casa. “Eu vou levar mais uma hora, uma hora e dez minutos de trem, mais uns dez minutos andando. Uma hora e 20 até chegar em casa. Mas vai ser bom. Vou deitar na minha cama com sentimento muito bom de dever cumprido”, completou.
fonte: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2011/11/sentimento-de-dever-cumprido-diz-tenente-da-pm-que-prendeu-nem.html

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