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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Favela da Rocinha, no Rio, é ocupada sem qualquer tiro disparado

 

Após 40 anos de medo, uma notícia histórica: a ação dos três mil homens das polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária devolveu o território à população do Rio.



Acordar sob a chuva respirando liberdade. É a Rocinha amanhecendo neste 14 de novembro de 2011. Não tem poder paralelo, não tem toque de recolher, não tem guerra. Sabe o que tem? Esperança.
O trabalho da polícia agora é de varredura, na busca por mais bandidos, armas e drogas. O trabalho foi recomeçado na manhã desta segunda-feira (14). Os policiais não usam mochilas para evitar denúncias de furtos. Os serviços públicos, como garis, atuam na comunidade. O clima é de tranquilidade. Segundo os moradores, a noite foi de paz.
O normal antes era o medo. Agora, os moradores da Rocinha se preparam para uma nova rotina: uma rotina de esperança. Os tons de azul e branco marcaram o dia, que foi como nenhum outro. Em 13 de novembro de 2011, um futuro novo começou com o som metálico dos tanques de guerra.
Às 4h, os homens do Bope e da Tropa de Choque da Polícia Militar entraram na Favela da Rocinha. Parecia impossível, mas estava acontecendo. Em fila, atentos, os policiais subiam pelas mesmas ruas que, durante décadas, foram dominadas pelo medo imposto pelos bandidos que prendiam, julgavam, matavam, esquartejavam e sumiam com os corpos de filhos, filhas, pais, mães e irmãos daqueles que agora observavam.
Armas em punho, mas nenhum barulho de tiro. Os cães estavam ali para encontrar drogas e explosivos. Os helicópteros faziam voos para cobertura da operação. Três mil agentes da Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal e Polícia Rodoviária estavam lá. A dona de casa Cleuza dos Santos tinha confiança.
“Meus familiares me convidaram para passar o fim de semana com eles. Falei: ‘Não, vou ficar na minha casa. Tenho certeza de que vai ser tudo em paz’”, comentou a dona de casa.
Foi mesmo. Óleo na pista, blocos de concreto, obstáculos colocados pelos traficantes – nada impediu o avanço das tropas. Alguns moradores desciam sem medo. Outros observavam das janelas ou das lajes. Fotos foram tiradas para lembrar o momento histórico.
Curiosos ou incrédulos? Era verdade. Mas talvez o domingo de paz tenha começado com segurança na madrugada da última quinta-feira (10), no momento em que a mala de um carro foi aberta e ali estava o chefe do tráfico Nem, rendido e atônito.
As imagens foram mostradas ontem no Fantástico. O traficante que nunca tinha sido preso, que tinha policiais corruptos em sua folha de pagamento, encontrou policiais que não venderam a honra e não aceitaram o suborno de R$ 1 milhão. A reconquista durou menos de três horas. Pouco depois das 6h, a situação estava definida.
“Nós temos o prazer de informar que as favelas da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu estão em nosso poder. Não houve nenhum incidente, nenhum tiro disparado”, afirmou o coronel Pinheiro Neto, chefe do Estado Maior da Polícia Militar.
A favela estava retomada. “Um novo tempo de paz começa agora”, diz um policial no carro de som.
Os símbolos da vitória sobre o crime: as bandeiras do Brasil e do estado do Rio, seguidos do hino e dos aplausos. “A sensação é de liberdade, de conforto, de tudo. Assim, viver em paz”, resume o confeiteiro Lorinaldo de Oliveira.
A liberdade é emocionante, sim, mas é apenas o começo. “Que junto com essa UPP que venham aí as políticas públicas, que venham mais creches, mais colégios, que venha saneamento básico para nossa comunidade”, espera Leonardo Lima, representante da Associação de Moradores da Rocinha.
Agora, quando se falar do morador da favela da Rocinha, ninguém vai mais pensar nos bandidos, e sim no povo que acorda cedo, trabalha duro e cria filhos com dificuldade, mas sempre sonhando com um mundo melhor.
“Maravilhoso. Melhor do que isso é impossível. Moro há 20 anos na Rocinha, tenho três filhos pequenos, para mim é inédito. Maravilhoso, não tem explicação”, comemorou um senhor. “Desejo um futuro melhor e paz”, disse outro senhor.

fonte: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2011/11/favela-da-rocinha-no-rio-e-ocupada-sem-qualquer-tiro-disparado.html

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