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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Material tóxico vaza de depósito na Região Metropolitana de Porto Alegre

 

Segundo o Ministério Público, a contaminação atingiu o solo e também o lençol freático. Casos de câncer aumentam na vizinhança.



O caso foi à Justiça no Rio Grande do Sul: moradores que vivem próximo a uma fábrica de postes de eletricidade desativada tiveram problemas com câncer e outras doenças graves. É uma área contaminada por produtos tóxicos. A Companhia Estadual de Energia Elétrica (Ceee) do Rio Grande do Sul, dona do terreno, e a AES Sul, antiga proprietária, dizem que não há evidências de que as doenças tenham sido provocadas pela contaminação.
A antiga fábrica ocupa parte de um terreno em Triunfo, a 75 quilômetros de Porto Alegre. “Provavelmente a gente está falando da área do solo mais contaminado do estado do Rio Grande do Sul”, aponta Gabriele Gottlied, representante da Fundação de Proteção Ambiental (Fepam) do Rio Grande do Sul.
No local, estão depositados tonéis de substâncias altamente tóxicas usadas para preservar a madeira dos postes produzidos de 1960 a 2005. Ao redor do prédio, há cercas com buracos e de fácil acesso. A equipe de reportagem do Bom Dia Brasil conseguiu entrar sem dificuldades na fábrica, onde há sinais de vazamento.
Segundo o Ministério Público, a contaminação atingiu o solo e também o lençol freático. De acordo com autoridades gaúchas ligadas ao meio ambiente, ela estaria restrita ao terreno. O problema é que ainda há bastante material tóxico depositado no local. Os moradores reclamam da falta de segurança e de um cheiro muito forte no verão. E o mais grave: eles temem pela própria saúde.
A casa da dona de casa Marlisa Francisco fica ao lado do terreno. O marido, ex-funcionário da usina, morreu de câncer este ano. A filha foi vítima de leucemia há três anos. “Eu acho que um pai e uma mãe perder o filho é a pior dor que tem no mundo. Não desejo para ninguém isso”, lamentou a dona de casa.
Como muitos moradores da região, Marilsa Francisco acredita que as doenças foram causadas pela exposição aos produtos químicos. A advogada Gisele Milk, que perdeu a sogra para o câncer, representa 69 pessoas que buscam na Justiça uma indenização. “Câncer no estômago, câncer no fígado e câncer no pâncreas. Eles disseram que tudo está sendo feito para garantir a segurança das pessoas, mas a gente vê que nada disso foi feito”, afirma a advogada.
Um levantamento da Secretaria de Saúde do estado revela que o bairro onde está a fábrica tem a maior taxa de mortalidade por câncer na cidade: cerca de 50% acima da média.
“A gente ainda não pode dizer é se isso tem uma relação causal direta com os contaminantes locais, mas é importante que a saúde tome medidas já de acompanhamento destas pessoas. Existe a possibilidade, porque são produtos cancerígenos e a população reside próxima ao local”, declarou Virgínia Dapper, médica da Vigilância Sanitária do Rio Grande do Sul.
A Companhia Estadual de Energia Elétrica (Ceee) do Rio Grande do Sul, dona do terreno, e a AES Sul, antiga proprietária, afirmam que tomaram providências para manter os moradores afastados da área e que não há evidências de que as doenças tenham sido provocadas por contaminação.
“Não existe nenhuma ação que tenha concluído sobre essa relação. Nós estamos acompanhando para ver o final dessas ações para ver o que se comprova”, disse o diretor-geral do AES Sul, Antônio Carlos de Oliveira.
“Com relação especificamente a essas questões judiciais, até hoje nós não tivemos nenhuma condenação. Laudos já existem mostrando que não existe uma relação com o fato. Agora, independentemente disso, nós queremos resolver o problema. Isso é fundamental”, afirmou o presidente da Companhia Estadual de Energia Elétrica (Ceee), Sérgio Sousa Dias.
A Justiça gaúcha concedeu liminar ao Ministério Público determinando a remoção do material. A Ceee informou que uma empresa já foi escolhida por licitação para fazer esse serviço. O contrato ainda precisa ser assinado. A empresa vai ter 12 meses para limpar a área. O custo previsto é de R$ 30 milhões.

fonte: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2011/11/material-toxico-vaza-de-deposito-na-regiao-metropolitana-de-porto-alegre.html

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