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sábado, 1 de outubro de 2011

Cingapura é o destino de quem quer ganhar dinheiro em pouco tempo

 

Hoje, Cingapura possui a quarta população mais rica do mundo e é um dos maiores centros financeiros do mundo. Para acabar com a miséria, o governo construiu prédios para abrigar a população que vivia em favelas.


Glória Maria Cingapura

O Globo Repórter atravessou o planeta para mostrar um país que abriga um dos povos mais ricos do mundo. E quem nos conduz nesta viagem fascinante é a repórter Glória Maria. Ela visitou Cingapura, paraíso de milionários e destino para quem quer ganhar muito dinheiro em pouco tempo. Mas lá não existe ouro, nem petróleo: o segredo dessa prosperidade se resume em duas palavras: disciplina e educação.
Cingapura é um país planejado, projetado e pensado para o sucesso econômico, onde tudo deu certo. Foi da extrema pobreza à riqueza sem limites em poucas décadas. Parece um sonho, mas Cingapura conseguiu. É um país pequeno, uma ilhota menor do que o município de São Paulo, no sudoeste da Ásia.
A população é a quarta mais rica do mundo, mas nada é por acaso. Tudo em Cingapura é pensado para atrair mais dinheiro. A roda gigante, por exemplo, à primeira vista é um simples brinquedo de parque de diversão, mas não é bem assim. É a maior roda gigante do mundo e foi construída, pensada e executada para ser a roda gigante da sorte, a roda da fortuna.
A roda gigante foi inaugurada três anos atrás como um símbolo de prosperidade, segundo a tradição dos chineses, que são maioria no país. Eles acreditam que a roda em movimento representa a vida e a continuidade. Outra superstição: a roda tem 28 cápsulas, com capacidade para 28 pessoas cada uma. Também não é por acaso.
A diretora da Roda Gigante, Chew Boon Heang, explica que o número oito soa como prosperidade em chinês e que o número 28 quer ‘dizer fácil de prosperar’.
Mas depois de tudo pronto, surgiu uma polêmica: a roda que deveria ser da prosperidade estaria afastando o dinheiro do país. “Cingapura vai ficar pobre. Qualquer coisa que acontecer, a roda é culpada”, afirma a diretora. Toda a confusão aconteceu porque se descobriu que a roda gigante não funcionava segundo os princípios do feng shui - uma filosofia milenar chinesa de harmonização de ambientes.
A diretora mostra onde está o centro financeiro de Cingapura e explica que quando a roda girava na direção dela era como se estivesse tirando o dinheiro e a prosperidade da cidade, afastando a riqueza. “Por isso, decidimos que era preciso fazer alguma coisa”, afirma. Então, mudaram a direção da roda, que foi inaugurada de novo, obedecendo todas as tradições. Lá de cima, é possível ver uma cidade espetacular.
Hoje, Cingapura é um dos maiores centros financeiros do mundo, mas o desenvolvimento deste país não foi nada fácil. Há quase 50 anos, essa pequena ilha que fazia parte da Federação Malaia foi expulsa, porque tinha uma população de maioria chinesa. Isolada, a ilha que não tinha recursos naturais teve que investir no seu povo.
Nós conversamos com o maior especialista em políticas públicas do país. Aos 62 anos e de origem indiana, Kishore Mahbubani, do Centro de Políticas Públicas Lee Kuan Yew, foi um menino pobre que conseguiu se tornar um dos principais diplomatas do país. “A primeira coisa que Cingapura fez foi remover a pobreza. É por isso que 90% da população vivem hoje em casa própria”, destaca.
Para acabar com a miséria, o governo de Cingapura tomou medidas práticas. Construiu prédios para abrigar a população que vivia em favelas.
As brasileiras Luciane e Elaine chegaram ao país há cinco anos para acompanhar os maridos e acabaram virando corretoras de imóveis. Elas levam a equipe do Globo Repórter para conhecer o mais novo conjunto habitacional do país, com sete torres e 1,8 mil apartamentos. É o maior conjunto habitacional público do mundo.
O governo não só constrói como financia os apartamentos para os moradores.
Globo Repórter: A pessoa tem quanto tempo para pagar?
Luciane Becker, corretora de imóveis: Você pode ter a vida toda.
Globo Repórter: A vida toda?
Luciane Becker, corretora de imóveis: Pode passar de gerações para gerações, pode ser em 40 anos ou 50 anos.
Percorremos todo prédio e, no final da visita, tivemos o prazer de conhecer um dos moradores, o aposentado Abdulah Ahmed. Ele diz orgulhoso que nasceu em Cingapura. Ele comenta que mora em um apartamento de três quartos: para ele, para o filho e para o computador. E tem o gato que pode ficar onde quiser.
Abdulah conta logo que paga mais ou menos o equivalente a R$ 1,8 mil por mês de financiamento. “Não sou rico. Isso aqui é um conjunto habitacional popular. Não é condomínio fechado. Foi o nosso primeiro ministro que construiu”, revela.
A repórter Glória Maria decide ver o apartamento do aposentado. No caminho, encontramos uma vizinha dele. Ela estava saindo para caminhar no terraço.
A corretora de imóveis Eliane Dworschak explica que também é o governo que administra o condomínio e estabelece cotas para pessoas de etnias diferentes. “Eles misturam, o governo é que diz neste andar vão ter três indianos, dois chineses. Assim, todos conseguem viver em harmonia e não criam grupinhos”, aponta.
Já os vizinhos de porta de Abdulah são de origem chinesa. Lá no 41º andar, o gato do aposentado nos recebe. O apartamento é bonito, amplo.
Abdulah tem mesmo razão para rir à toa. Depois de uma vida animada, hoje ele é aposentado. Mas já trabalhou em hospital, foi instrutor de golfe e até cantor de boate. Hoje, mora no conjunto com um dos filhos. “Não tenho o que para reclamar. Vivi a minha vida inteira em Cingapura. É muito seguro”, comenta.

fonte: http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2011/04/cingapura-e-o-destino-de-quem-quer-ganhar-dinheiro-em-pouco-tempo.html

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