Ministério Público cobra solução para o caso que já teve rodízio de juízes.
Motorista fez curso de reciclagem para voltar a dirigir e retomou trabalho.
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Na noite do dia 25 de fevereiro de 2011, um atropelamento coletivo ocorrido no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, estarreceu o país inteiro. O motorista de um Golf preto, acompanhado do filho no banco do carona, jogou o carro por cima de pelo menos 15 ciclistas que transitavam pela Rua José do Patrocínio. O caso foi manchete dos noticiários nacionais e ganhou, inclusive, repercussão internacional, com destaque em sites como do jornal britânico Daily Telegraph, da emissora BBC e do jornal espanhol El Mundo. Um ano depois, o homem responsável pelo acidente responde ao processo em liberdade e ainda aguarda julgamento. Em 12 meses, foram diversas audiências improdutivas e um rodízio de pelo menos quatro juízes.
No intuito de ver uma solução para o caso, o Ministério Público (MP) do RS segue cobrando júri popular para o funcionário do Banco Central Ricardo Neis, hoje com 48 anos. De acordo com a promotora Lúcia Helena Callegari, esta é a única saída para o réu. “Por mais que eles (a defesa) tentem postergar e enrolar o judiciário, não existe outra possibilidade. Os advogados dele querem que isso caia no esquecimento do público. Essa é a estratégia, mas nem o MP e muito menos a sociedade vão deixar isso acontecer”.
O processo tramita na 1ª Vara do Júri de Porto Alegre. A última audiência ocorreu no dia 2 de dezembro do ano passado, quando a defesa de Neis pediu mais tempo para juntar imagens que comprovariam supostas agressões do movimento Massa Crítica a outros motoristas. O Tribunal de Justiça do RS, através da assessoria de imprensa, informou que a juíza responsável, Dra. Carla De Cesaro, deve tomar uma decisão sobre o caso nos próximos dias.
Tentativa de reaver CNH
Em março do ano passado, a juíza Rosane Michels determinou que o bancário perdesse o direito de dirigir enquanto tramitar o processo. Porém, o Detran-RS e os próprios advogados de Neis confirmam que ele fez um curso de reciclagem na tentativa de reaver a carteira de habilitação. Mesmo assim, o advogado Marco Alfredo Mejia insiste que seu cliente não pretende voltar a dirigir depois do trauma sofrido no ano passado e afirma que ele tenta retomar a vida social. Ricardo Neis voltou ao Banco Central neste mês, mas foi deslocado para trabalhar no setor de informática, conforme o advogado.
Em março do ano passado, a juíza Rosane Michels determinou que o bancário perdesse o direito de dirigir enquanto tramitar o processo. Porém, o Detran-RS e os próprios advogados de Neis confirmam que ele fez um curso de reciclagem na tentativa de reaver a carteira de habilitação. Mesmo assim, o advogado Marco Alfredo Mejia insiste que seu cliente não pretende voltar a dirigir depois do trauma sofrido no ano passado e afirma que ele tenta retomar a vida social. Ricardo Neis voltou ao Banco Central neste mês, mas foi deslocado para trabalhar no setor de informática, conforme o advogado.
“Ele ainda está muito abalado com tudo que aconteceu e não quer mais conduzir um veículo”, afirma. O discurso, no entanto, não condiz com a prática no tribunal. Em maio, logo após a conclusão do curso no Detran-RS, a defesa do réu tentou revogar a medida judicial. O pedido foi indeferido.
A espectadora do “strike”
No dia do atropelamento coletivo, a médica veterinária Daura Zardin participava de mais uma manifestação do grupo Massa Crítica. Ela pedalava na frente de dezenas de ciclistas que também acompanhavam o movimento. Percebendo a confusão, olhou para trás e viu várias pessoas sendo atropeladas como num “strike” de boliche. “No mesmo instante, vi o carro passar por mim em alta velocidade. Ele poderia ter passado por cima de mais gente. Não acreditei no que estava acontecendo. Fiquei apavorada”, conta. “O que mais me espanta, agora, é a ineficácia do judiciário”, afirma Daura, que diz sentir a “sombra da impunidade”.
No dia do atropelamento coletivo, a médica veterinária Daura Zardin participava de mais uma manifestação do grupo Massa Crítica. Ela pedalava na frente de dezenas de ciclistas que também acompanhavam o movimento. Percebendo a confusão, olhou para trás e viu várias pessoas sendo atropeladas como num “strike” de boliche. “No mesmo instante, vi o carro passar por mim em alta velocidade. Ele poderia ter passado por cima de mais gente. Não acreditei no que estava acontecendo. Fiquei apavorada”, conta. “O que mais me espanta, agora, é a ineficácia do judiciário”, afirma Daura, que diz sentir a “sombra da impunidade”.
O que mais me espanta, agora, é a ineficácia do judiciário
Daura Zardin, testemunha do atropelamento
A sensação da veterinária não é compartilhada pelo MP. A promotora Lúcia Helena Callegari empurra a culpa sobre os advogados de defesa. “Eles estão tentando enrolar a justiça. A mim, espanta a capacidade do réu de insistir culpando os ciclistas. Em nenhum momento ele pediu desculpa ou teve a capacidade de admitir que errou. Ainda falta humildade para reconhecer o erro que, por pouco, não tirou nenhuma vida naquele dia”.
Daura, espectadora do atropelamento, percebeu que o caso aumentou a força do movimento Massa Crítica e fez a sociedade refletir sobre a importância da bicicleta como meio de locomoção. “O que realmente importa nesse processo é que todos estão bem e que a sociedade acordou de vez para isso”, relata.
Massa Crítica contestada
Em janeiro deste ano, o Ministério Público do RS e a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) de Porto Alegre se reuniram para investigar o grupo Massa Crítica. O presidente da empresa responsável pelo trânsito na cidade, Vanderlei Capellari, chegou a declarar que o grupo não tinha “legitimidade para trancar o trânsito”.
Em janeiro deste ano, o Ministério Público do RS e a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) de Porto Alegre se reuniram para investigar o grupo Massa Crítica. O presidente da empresa responsável pelo trânsito na cidade, Vanderlei Capellari, chegou a declarar que o grupo não tinha “legitimidade para trancar o trânsito”.
No momento, a investigação está paralisada e não houve nenhuma ação contra o movimento, segundo o MP. À época, a reportagem do G1 foi às ruas para conferir de perto como é realizado o passeio dos ciclistas. Ficou constatado que os cruzamentos são trancados e em seguida liberados para passagem de veículos sem causar transtornos para o trânsito.
Fórum Mundial da Bicicleta
O evento ocorre entre os dias 23 e 26 de fevereiro na Usina do Gasômetro, em Porto Alegre. Palestras, oficinas e apresentações fazem parte da programação que conta também com o fundador do Massa Crítica, o escritor norte-americano Chris Carlsson. O Fórum Mundial da Bicicleta foi idealizado justamente para marcar a data de um ano do atropelamento coletivo.
O evento ocorre entre os dias 23 e 26 de fevereiro na Usina do Gasômetro, em Porto Alegre. Palestras, oficinas e apresentações fazem parte da programação que conta também com o fundador do Massa Crítica, o escritor norte-americano Chris Carlsson. O Fórum Mundial da Bicicleta foi idealizado justamente para marcar a data de um ano do atropelamento coletivo.
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