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sábado, 4 de fevereiro de 2012

Conheça voluntários que fazem a diferença no interior de SP


Em Bauru, Promotor de Justiça coordena duas ONGs humanitárias.
500 mulheres fazem a diferença na região de Itapetininga.

Mariana Bonora, Megui Donadoni, Natália Clementin e Gláucia SouzaDo G1 Bauru e Marília*
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ONG 'As Boazinhas' (Foto: Divulgação / ONG 'As Boazinhas')A ONG 'As Boazinhas' é formada por 500 mulheres.
Elas arrecadam itens que são distribuidos a
entidades beneficentes das cidades onde atuam.
(Foto: Divulgação / ONG 'As Boazinhas')
Arrecadar alimentos para ajudar entidades. Essa é a missão de 500 mulheres que integram a ONG “As Boazinhas’. O grupo está presente nos municípios deItapetiningaAlambari e Colina, no interior de São Paulo, e no bairro da Mooca, na capital paulista.
A história das “As Boazinhas” começou há 11 anos em Itapetininga, por iniciativa da culinarista Maria Antonieta Bueno Vieira de Camargo, conhecida como Dona Nêta. Ela conta que no início eram 25 amigas que, vendo as necessidades das pessoas, se reuniram para fazer arrecadações. “Desde o começo, nunca coletamos dinheiro, sempre foram alimentos e roupas. Tudo encaminhado para entidades”, explica a fundadora.
Segundo Dona Nêta, durante um ano e meio permaneceram no grupo as 25 voluntárias. Mas, de boca a boca, outras mulheres foram conhecido o grupo e chegando para ajudar. Elas se reúnem mensalmente. A cada encontro é escolhido um item de alimentação para ser doado. “Nossas reuniões em Itapetininga acontecem sempre na última quinta-feira do mês. Em fevereiro, o item escolhido foi o macarrão parafuso. Assim, cada voluntária trará para a reunião dois pacotes do produto. O volume arrecadado será dividido e entregue às entidades”, afirma.
ONG 'As Boazinhas' (Foto: Divulgação / ONG 'As Boazinhas')Uma das arrecadação feita pelo grupo.
(Foto: Divulgação / ONG 'As Boazinhas')
Com o crescimento do grupo, outras ações também nasceram. Dona Nêta criou na casa dela uma sala onde ficam armazenadas 11 cadeiras de rodas, 12 cadeiras de banhos e 10 camas hospitalares. Esses itens são emprestados às famílias necessitadas e com doente na casa. “As pessoas usam enquanto precisam. Quando devolvem, emprestamos para outras famílias”, afirma. Ela ressalta que chegam propostas de ajudar financeira, mas a recusa é uma regra da ONG. “Quem procurar para nos ajudar, pedimos produtos que são doados às pessoas que precisam”, reafirma.
O trabalho de Dona Nêta despertou também o voluntariado no marido dela. “Vendo o empenho das mulheres, os homens decidiram criar também o grupo “Os Amigos’. Assim como nós, arrecadam donativos e ajudam as entidades. São aproximadamente 200 maridos no grupo’, explica a culinarista.
Quando o G1 perguntou para ela sobre o que a levou a fazer esse trabalho, era resumiu: “Acho que é minha missão na terra. Tenho um propósito com Deus em fazer o que eu puder para ajudar as pessoas”.
Região de Bauru
O promotor de Justiça, Enilson Komono, dedica boa parte do seu tempo para trabalho voluntário em Bauru e também em outras partes do país e do mundo. Ele é coordenador daONG SOS Global, que leva ajuda humanitária a áreas atingidas por catástrofes e desenvolve desde 2006, em Bauru, o projeto Wise Madness, que tem como objetivo a prevenção do uso de drogas entre os jovens por meio da arte e do esporte.
“Nós mantemos um barracão, onde oferecemos todos os dias oficinas diversas. Temos Teatro de Rua, malabares, pirofagia, skate, patins, dança, música, entre outras atividades. O local é aberto para quem quiser participar da iniciativa. Nós temos um trabalho nas escolas públicas, da periferia, onde levamos o projeto e a experiência de vida das pessoas que fazem parte dele”, explica Enilson.
O objetivo do projeto Wise Madness é previnir o envolvimento dos jovens com as drogas por meio das artes (Foto: arquivo pessoal)O objetivo do projeto Wise Madness é previnir o envolvimento dos jovens com as drogas por meio das artes. (Foto: arquivo pessoal/ Rodrigo Faustino)
Atualmente, 60 jovens participam de forma permanente do projeto, a iniciativa é aberta a todos que se identificam com as atividades do grupo. Enilson conta que sempre teve envolvimento com projetos sociais, desde adolescente, mas, hoje, com a independência financeira ele pode desenvolver os seus próprios projetos.
“O mais importante é você poder ajudar no que é possível, orientar esses jovens, incentivar o retorno aos estudos, porque muitos que começam no projeto pararam de estudar, encaminhar para o emprego, para universidade. Enfim, colaborar de alguma forma para mudança de vida e perspectivas dos jovens”, completa.
Rodrigo, hoje rapper e conhecido como D'Bronx, mudou as perspectivas de vida por meio do trabalho voluntário (Foto: arquivo pessoal)Rodrigo, hoje rapper e conhecido como D'Bronx,
mudou as perspectivas de vida por meio do trabalho
voluntário. (Foto: arquivo pessoal/ Rodrigo Faustino)
O rapper Rodrigo Caetano Faustino é um desses jovens que teve a vida transformada ao participar do projeto. O envolvimento com drogas e o tráfico ficou no passado e hoje ele leva o seu exemplo de superação para os lugares onde apresenta o trabalho do Wise Madness e também onde presta ajuda humanitária por meio da SOS Global. Além disso, atualmente, ele consegue viver da música, da arte que ele desenvolve.
“Um dos fatos marcantes das viagens que fazemos por todo país aconteceu em Santa Catarina, quando fomos fazer um impacto comunitário em 2009. Antes da apresentação na praça de Ilhota, vi um jovem que tinha muita influência sobre os demais e fui conversar com ele.
Depois percebi que ele ficou até o fim da apresentação. No dia seguinte, ele contou que comandava o tráfico no local, mas, depois da nossa apresentação e do que conversamos, quis mudar de vida. E mudou mesmo, ele tem um emprego, casou no ano passado”, conta.
Para o músico, a possibilidade de mudar a realidade e colaborar com a mudança na vida de outras pessoas são a prova de que o trabalho voluntário dá certo. “Nós temos contato com jovens da periferia, que ou estão envolvidos com drogas ou estão muito próximos dessa realidade. E quando a gente vê que eles conseguiram superar, estão em uma universidade, estudando, trabalhando, mesmo que seja um único jovem, uma vida que a gente consegue transformar já vale a pena. Isso é o que nos motiva, ver que seu exemplo de vida mudou a realidade de outra pessoa também”, destaca.
Enilson é coordenador da SOS Global, que leva ajuda humanitária a locais que sofreram desastres (Foto: arquivo pessoal/ Enilson Komono)Enilson é coordenador da SOS Global, que leva
ajuda humanitária a locais que sofreram desastres.
(Foto: arquivo pessoal/ Enilson Komono)
Ajuda humanitária - No mesmo local onde funcionam as oficinas do Wise Madness, há também a filial da SOS Global. A organização tem com missão enviar ajuda na forma de socorro médico, técnico, alimentar, psicológico e espiritual para os locais onde acontecem catástrofes de desastres naturais e, ou humanos (guerra), em qualquer parte do mundo, com grande número de vítimas necessitando de ajuda emergencial.
Enilson explica que em Bauru funciona todo o apoio logístico que precisa ser enviado nessas situações desastres. Ele esteve com equipes para ajudar desabrigados das chuvas em São Luís do Paraitinga em 2010, do Rio de Janeiro em 2011, só para citar as ações mais recentes.
“Aqui nós temos o caminhão, que transporta as doações; também é onde concentramos as doações, fazemos as triagens; todos os equipamentos necessários para essa ajuda como gerador de energia, bomba de água, tudo fica concentrado na sede no barracão. Também quando temos que partir para essas ações sempre nos reunimos e saímos de Bauru”, explica.
A ONG também realiza cursos de formação de voluntários não só em Bauru, mas, também em outras cidades da região. “Sempre que conseguimos reunir um grupo de pessoas interessadas no projeto, nós fazemos esse treinamento, porque quem trabalha em áreas atingidas por catástrofes precisa de uma série de orientações. O voluntário precisa saber como agir em campo, como tratar as pessoas que estão em abrigos, o que deve ou não ser feito, como montar as cestas básicas, a triagem dos alimentos. Tem a parte técnica também do local afetado, como é uma enchente, um terremoto, quais as consequências”, completa.
Região de Sorocaba
Jovens que participam dos projetos de renda da ONG Lua Nova (Foto: Fernando Schnaidman/ Divulgação)Jovens que participam do projeto de renda da ONG
Lua Nova (Foto: Fernando Schnaidman/ Divulgação)
Em Sorocaba, a ONG Lua Nova promove atendimento a jovens mães e gestantes, entre 14 a 26 anos em situação de risco social, como gravidez precoce, violência doméstica, abuso sexual, prostituição, uso de drogas e pobreza extrema. Fundada desde 2000, a entidade tem como objetivo reforçar a auto-estima dessas jovens, ajudando-as a reconquistarem seu espaço social.
De acordo com a gestora de informação Maysa Camargo, além de um trabalho social, a Ong também oferece projetos de geração de renda, onde as jovens podem aprender a trabalhar, a desenvolver uma atividade e a ser inseridas no mercado de trabalho.
Maysa revela que esse período de acolhimento dura aproximadamente de 10 meses a 1 ano. Depois disso, as jovens são encaminhadas a um condomínio social, uma espécie de república feminina, onde aos poucos são reinseridas na sociedade, para que não haja mudanças ‘bruscas’ e que elas tenham maturidade para seguir posteriormente a vida sozinhas. Atualmente, o abrigo conta com 28 jovens mães e 28 crianças, conta com a ajuda de 40 profissionais e voluntários, além de doações de pessoas físicas e jurídicas.
Há sete anos, Maria Cristina Nicolai Silva Miguel, de 50 anos, ajuda a ONG com o simples ‘conversar’. Maria explica como o diálogo, o ouvir palavras e histórias ajudam no crescimento e no amadurecimento dessas jovens. ‘Adoro conversar com elas e trocar experiências. São mulheres, mães que não têm estrutura e qualquer palavra, qualquer atenção, qualquer carinho ajuda nessa reabilitação. Conto histórias minhas, da minha família”. Maria ainda se emociona ao falar do aprendizado que conseguiu ao visitar semanalmente a entidade “Faz um bem enorme pra mim, é um presente divino poder estar ali e compartilhar tudo com essas jovens. Escuto muitas histórias pesadas, fortes, até traumáticas, e tiro uma baita lição de vida de tudo isso. Sempre que percebo que estou triste, adoro ir lá...elas me ajudam, conseguem me colocar pra cima”.
Oficina de costura faz parte de um dos projetos de renda da ONG (Foto: Fernando Schnaidman/ Divulgação)Oficina de costura faz parte de um dos projetos de renda da ONG (Foto: Fernando Schnaidman/ Divulgação)
Noroeste Paulista
Camila luta pelos direitos dos deficientes pela internet (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)Camila luta pelos direitos dos deficientes pela
internet (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)
Na região noroeste, um blog criado pela cadeirante Camila Marques, de 27 anos, tem ajudado deficientes de Votuporanga e região. Foi por meio da internet que ela encontrou uma forma de lutar pelos seus direitos.

“O blog é um guia para os deficientes, estou cadastrando locais adaptados e assim os deficientes, saberão onde ir. Eu quero que as melhorias não sejam só para mim, quero que o blog ajude pessoas de outras cidades também, quero unir forças”, contou.

Embora tenha sido criado recentemente, o blog segundo ela, conta por dia com mais de 60 visualizações, inclusive de fora do país. A ferramenta internet foi escolhida para que mais deficientes possam buscar seus direitos.

Camila diz que os deficientes devem cobrar o que é deles de direito. “Quero que a lei de cota nas empresas seja cumprida, além de ter o meu direito de ir e vir, como qualquer outro cidadão. Quero que os deficientes também se conscientizem e vivam uma vida normal, trabalhem e estudem, porque deficiência seja ela qual for, não nos impede de sermos úteis”, finaliza.

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