Estimativa dos analistas é de corte de 0,75 ponto pelo Banco Central.
Próximo movimento no juro, de alta, é previsto somente para abril de 2013.
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta quarta-feira (18) e deve reduzir a taxa básica de juros da economia brasileira dos atuais 9,75% para 9% ao ano, em um novo corte de 0,75 ponto percentual, segundo a aposta de grande parte dos analistas do mercado financeiro. Se confirmada, será a sexta diminuição consecutiva nos juros. A decisão será anunciada após as 18h.
A crença do mercado em uma nova redução nos juros se deve à uma sinalização da própria autoridade monetária. Em meados de março, o Copom informou que atribuía "elevada probabilidade" à concretização de um cenário que contempla a taxa de juros caindo para"patamares ligeiramente acima dos mínimos históricos, e nesses patamares se estabilizando". A mínima histórica da taxa de juros é de 8,75% ao ano e foi registrada entre julho de 2009 e abril de 2010, na primeira etapa da crise financeira internacional.
Com base nesta declaração do BC, o mercado passou a acreditar que este será o último corte deste ano e que um novo movimento na taxa básica da economia acontecerá somente em abril de 2013 – quando a taxa subirá, segundo os analistas, para 9,5% ao ano. Em julho do ano que vem, a taxa avançaria para 10% ao ano, acreditam os economistas dos bancos.
Sistema de metas de inflação
Pelo sistema de metas de inflação, que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Pelo sistema de metas de inflação, que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Para 2012 e 2013, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. O BC busca trazer a inflação para o centro da meta de 4,5% neste ano, visto que, em 2011, a inflação ficou em 6,5% – no teto do sistema de metas.
Para o IPCA deste ano, a previsão dos analistas dos bancos está em 5,08% e, para 2013, a previsão do mercado está em 5,50%. Já o Banco Central estimou, no fim de março, um IPCA ao redor da meta central de inflação (4,5%) para este ano e, para 2013, acima de 5%.
Corte nos juros limitado pela poupança
Economistas avaliam que um recuo mais forte da taxa de juros, abaixo de patamares mínimos já registrados (8,75% ao ano), poderia comprometer a chamada "rolagem" da dívida pública, que é a emissão de títulos públicos pelo Tesouro Nacional para pagar os papéis que estão vencendo.
Economistas avaliam que um recuo mais forte da taxa de juros, abaixo de patamares mínimos já registrados (8,75% ao ano), poderia comprometer a chamada "rolagem" da dívida pública, que é a emissão de títulos públicos pelo Tesouro Nacional para pagar os papéis que estão vencendo.
"A conta é simples: com a Selic na faixa de 8,75%, um fundo DI com uma taxa de administração de 1% e rendendo algo como 98% do CDI, teria uma taxa de rendimento anualizada na faixa de 5,85% (líquida de IR, nesta caso à alíquota de 20%). Mesmo sem considerar a TR (já com uma taxa baixa a essa altura) o cupom fixo de 6% da caderneta de poupança (já liquido de IR) seria superior ao rendimento do Fundo DI", informou a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em estudo.
Para a Febraban, não é difícil imaginar o "desequilíbrio potencial desse cenário, que poderia levar a um fluxo significativo de recursos para as cadernetas e ao mesmo tempo escassez de funding em outros segmentos do mercado". "Teríamos excesso de exigibilidade, e com base em recursos de curto prazo, de um lado e escassez em outro. Certamente um desequilíbrio que precisa ser corrigido para viabilizar a continuidade da queda dos juros. E quanto antes melhor”, avalia a Febraban no estudo.
Foco no 'spread bancário'
Para o economista da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, o foco do governo federal em tentar baixar o chamado "spread bancário", que é a diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o valor cobrado de seus clientes, e consequentemente os juros ao tomador final, tem relação com a impossibilidade de baixar mais os juros básicos definidos pelo BC neste momento, justamente por conta da caderneta de poupança.
Para o economista da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, o foco do governo federal em tentar baixar o chamado "spread bancário", que é a diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o valor cobrado de seus clientes, e consequentemente os juros ao tomador final, tem relação com a impossibilidade de baixar mais os juros básicos definidos pelo BC neste momento, justamente por conta da caderneta de poupança.
"Não há duvida [que tem a ver com a poupança]. Já virou uma política bem clara de governo de reduzir as taxas de juros para o tomador final. O recuo da Selic ainda não foi repassado pelos bancos. O spread está elevado. A próxima cruzada do governo é contra esse problema do spread, tendo em vista que a Selic já esta próxima do mínimo possível", declarou o economista.
Para estimular a redução dos juros bancários no Brasil, os dois principais bancos públicos do país, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, anunciaram nas últimas semanas reduções nas taxas de juros de suas principais linhas de crédito. Posteriormente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que os bancos privados também têm margem para reduzir suas taxas de juros.
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