Equipe do Fantástico refez trajeto percorrido por Renata e José Brugnaro.
Mortes aconteceram em 19 de abril; investigação ainda não foi concluída.
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A caverna em Playa del Carmen, no México, onde um casal de brasileiros morreu quando fazia mergulho segue fechada desde 19 de abril. Naquela data, os corpos da médica Renata Quirino Brugnaro e do engenheiro José Brugnaro Neto foram encontrados pelo serviço de resgate mexicano. Uma equipe doFantástico, porém, conseguiu autorização para entrar lá.
A jornada do casal, que vivia em São José dos Campos, no interior de São Paulo, começou em um hotel cujo nome é "Aventura Mexicana". Os dois contrataram um guia de mergulho, Ismael Garcia Manzanares, que trabalhava temporariamente para uma agência, e alugaram os equipamentos. Eles deixaram registrada a experiência no mar: entre 50 e 55 mergulhos.
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Desta vez, José e Renata escolheram um mergulho diferente. A Península de Yucatán, no Golfo do México, está sobre vários rios. Há alguns acessos para debaixo da terra, os chamados cenotes. Os cenotes permitem a passagem da luz e levam a outro mundo, segundo a civilização Maia, que ali chegou primeiro. Para os turistas, é a porta de entrada de um passeio em água doce e cristalina.
O repórter Rodrigo Bocardi e o cinegrafista Alberto Frisoni foram até o cenote onde o casal morreu acompanhados de dois guias e instrutores de mergulho: Luiz e Fernando, cada um deles com mais de 2 mil mergulhos neste mesmo local. A caverna de Chac Mool está aberta aos turistas há 15 anos e recebe 40 mergulhadores por dia. Ninguém tinha morrido ali até então.
O mergulho da equipe foi realizado às 16h30, horário semelhante ao da descida feita pelo casal. No fim da tarde de 19 de abril, José e Renata foram para o último mergulho do dia, no centro de Chac Mool. "Às 17h30 deveriam estar de volta. Às 18h10 peço a um funcionário que vá ao cenote. Lá dizem que os mergulhadores já estavam voltando", conta Álvaro Alamada, diretor da agência de mergulho.
Mas ninguém apareceu e Alamada foi pessoalmente lá. "A primeira coisa que vi foi o carro deles. Pensei que eles estivessem passeando na selva à noite, sempre com a esperança de que estavam bem. Quando olho para o dentro do carro, vejo que falta equipamento de mergulho", acrescenta. Eles ainda estavam na água. O serviço de resgate foi acionado e, depois de quatro mergulhos, os corpos foram encontrados.
Corda de segurança
No mergulho feito pelo Fantástico, a equipe verificou que a luz cai rapidamente na água. Mas a visibilidade não acaba. As lanternas ajudam, e com elas é possível enxergar com toda clareza a corda guia amarela. "A regra mais importante é manter-se ao lado da linha", diz Fernando Della Prieto, o instrutor que resgatou os corpos.
No mergulho feito pelo Fantástico, a equipe verificou que a luz cai rapidamente na água. Mas a visibilidade não acaba. As lanternas ajudam, e com elas é possível enxergar com toda clareza a corda guia amarela. "A regra mais importante é manter-se ao lado da linha", diz Fernando Della Prieto, o instrutor que resgatou os corpos.
Em poucos minutos a equipe se aproxima de outra entrada da caverna. Até este ponto o mergulho é tranquilo, sem correnteza. Às vezes a água fica salobra, mas não tira a visão. No meio das rochas as estalactites. Elas são a atração deste mergulho.
Em alguns pontos a corda amarela determina uma mudança radical de rota. Leva o visitante a passar por lugares bonitos. E estreitos. Na maior parte do mergulho dá para perceber a luz do sol vindo de algum canto. E a cada 60 metros sempre há uma saída. Por isso, não é exigido dos mergulhadores um treinamento especial.
Depois de quarenta minutos, já com o cilindro de ar pela metade, a equipe do Fantástico vê um largo túnel. E o guia alerta: “Para lá, não. Siga a linha amarela”. O casal de brasileiros e seu guia espanhol não fizeram isso.
Erro
Renata e José tinham mergulhado em um ponto. Depois de completar a volta, deveriam ter saído pelo mesmo lugar por onde entraram. Eles, porém, seguiram por uma caverna à esquerda e se perderam.
Renata e José tinham mergulhado em um ponto. Depois de completar a volta, deveriam ter saído pelo mesmo lugar por onde entraram. Eles, porém, seguiram por uma caverna à esquerda e se perderam.
Além de dar segurança, a corda guia amarela leva para a saída da caverna. Em alguns pontos, lá dentro no meio da escuridão, fica fácil se perder caso se afastar um pouco da corda. “Não se pode querer ir a lugares bonitos e abandonar a corda", reafirma o instrutor Fernando.
Não se sabe por que o casal e o guia se afastaram. A única certeza de Fernando é que o guia tentou dar ar para Renata. Ele diz isso por causa da posição em que foi encontrada a mangueira reserva do instrutor. "Nunca vamos saber o que aconteceu. Às vezes curiosidade, às vezes atrevimento", diz o instrutor. A investigação ainda não foi concluída, mas para o Ministério Público foi um acidente.
A notícia às duas famílias foi levada pela empresa brasileira de aeronáutica, onde José trabalhava. “Foram até o depósito conversar com meu marido. Aí ele me abraçou e falou ‘nós não temos mais nossa filha’”, lembra a mãe de Renata, Maria de Lourdes Costa.
A empresa cuida da liberação dos corpos, que continuam no Instituto Médico-Legal de Playa del Carmen. Lá está também a bolsa que o casal deixou no carro. Dentro dela está a máquina fotográfica com as últimas imagens do casal.
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