100% dos carros novos deveriam ter os equipamentos no ano que vem.
Ministro cita risco para empregos, além de preço, para escalonamento.
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O ministro Guido Mantega afirmou nesta quinta-feira (12), ao Jornal Nacional, que o governo estuda permitir que 20% dos carros nacionais saiam das montadoras sem airbag e freios ABS no ano que vem. Pelo cronograma do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), todos os carros novos deveriam ter os equipamentos de segurança a partir de 1º janeiro próximo.
O prazo foi determinado pelo Contran há 4 anos em resolução que estabeleceu um calendário para a obrigatoriedade do airbag e do ABS, sistema que evita que as rodas do veículo travem em uma freada brusca. O percentual dos carros novos que deveriam ter esses dispositivos foi aumentando aos poucos, chegando a 60% em janeiro deste ano, e seria de 100% em 2014. Mas o ministro sugere que continue o aumento gradual.
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“A proposta mais viável seria, em vez de passar de 60% para 100%, passar de 60% para 80% no ano que vem, e, no ano seguinte, passar para 100%. Dar um prazo de adaptação”, argumenta Mantega.
“Há uma preocupação com emprego, e uma outra preocupação é com o preço, que vai subir“, afirma o ministro. A questão do encarecimento dos carros com a instalação dos equipamentos já havia sido comentada por Mantega na quarta (11), quando ele falou pela primeira vez dapossibilidade de adiamento da medida.
Empregos
O impacto sobre empregos se daria com o fim da produção de veículos que não podem ser adaptados para a instalação dos equipamentos. É o caso da Kombi, da Volkswagen, cuja aposentadoria foi anunciada em agosto passado, devido à previsão da obrigatoriedade do airbag e do ABS. Para celebrar a despedida do veículo, foi lançada uma série especial, a Last Edition, para colecionadores, de R$ 85 mil - quase o dobro do preço da Kombi tradicional.
O impacto sobre empregos se daria com o fim da produção de veículos que não podem ser adaptados para a instalação dos equipamentos. É o caso da Kombi, da Volkswagen, cuja aposentadoria foi anunciada em agosto passado, devido à previsão da obrigatoriedade do airbag e do ABS. Para celebrar a despedida do veículo, foi lançada uma série especial, a Last Edition, para colecionadores, de R$ 85 mil - quase o dobro do preço da Kombi tradicional.
O sindicato dos metalúrgicos do ABC, região onde fica a fábrica da Kombi, disse que pediu adiamento ao governo da obrigatoriedade de airbag e ABS porque milhares de trabalhadores perderiam o emprego com o fim da produção do veículo.
Ao G1, Wagner Santana, secretário-geral do sindicato, disse que 2 mil trabalhadores serão afetados na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo – 1 mil pela Kombi e 1 mil pelo Gol G4, que também não pode ser adaptado para os equipamentos.
"Várias empresas de autopeças já demitiriam a partir de dezembro por conta da Kombi", afirmou, contabilizando que mais de 200 empresas fornecem peças só para a Kombi, que quase não usa itens importados. "Estamos desde o ano passado tentando negociar, buscamos com o governo uma solução que dê uma transitoriedade maior, até que novos produtos tenham condições de atender os trabalhadores."
As fabricantes dizem que não solicitaram ao governo a postergação da lei, não participaram de negociação com o governo e só souberam da decisão na última quarta. Mas Mantega diz que as montadoras pediram o adiamento.
O ministro, no entanto, diz que não há nada decidido. Procurado pelo G1 na última quarta, o Ministério das Cidades/Denatran informou desconhecer qualquer decisão contrária às resoluções 311/2009 e 312/2009 do Contran, que tratam do assunto. "Portanto, está valendo a determinação do Conselho para que os fabricantes equipem com airbag e freios ABS os novos veículos colocados no mercado a partir de janeiro de 2014", disse o órgão, em nota.
Especialistas em segurança
Testes de segurança independentes realizados pelo Latin NCap, braço latino-americano do Global NCAP, costumam atribuir notas baixas a carros que não possuem airbag. Entre os avaliados recentemente, o Chevrolet Agile e o Renault Clio, ambos testados sem airbag, tiveram 0 de 5 estrelas possíveis no quesito proteção de adultos (assista aos vídeos).
Testes de segurança independentes realizados pelo Latin NCap, braço latino-americano do Global NCAP, costumam atribuir notas baixas a carros que não possuem airbag. Entre os avaliados recentemente, o Chevrolet Agile e o Renault Clio, ambos testados sem airbag, tiveram 0 de 5 estrelas possíveis no quesito proteção de adultos (assista aos vídeos).
Nesta quinta (12), o Latin NCAP lamentou que o governo estude adiar a obrigatoriedade de ABS e airbag a todos os carros novos. "O Brasil precisa de carros mais seguros agora, não depois. O governo brasileiro deve introduzir regulamentações sólidas e transparentes. Os fabricantes de automóveis têm que oferecer aos motoristas a mesma proteção que proporcionam a seus clientes em outras partes do mundo", afirmou a organização em nota enviada ao G1.
"Os últimos testes de batida do Latin NCAP demonstraram que os fabricantes de carros podem construir veículos cinco estrelas em relação à segurança no Brasil. Eles também comprovaram o importante que é o fato de os governos estabelecerem normas mínimas de segurança para os carros vendidos aos consumidores. Sem as normas, as empresas de automóveis continuarão a oferecer segurança deficiente, e as famílias continuarão a sofrer desnecessariamente."
O Observatório Nacional de Segurança Viária sugeriu que o adiamento valesse apenas para a Kombi: "uma 'anistia' de 12 ou 24 meses, por ser um veículo de baixo volume de vendas".
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