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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Mantega sugere 80% dos carros com ABS e airbag em 2014


100% dos carros novos deveriam ter os equipamentos no ano que vem. 
Ministro cita risco para empregos, além de preço, para escalonamento.

Do G1, em São Paulo
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O ministro Guido Mantega afirmou  nesta quinta-feira (12), ao Jornal Nacional, que o governo estuda permitir que 20% dos carros nacionais saiam das montadoras sem airbag e freios ABS no ano que vem. Pelo cronograma do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), todos os carros novos deveriam ter os equipamentos de segurança a partir de 1º janeiro próximo.
O prazo foi determinado pelo Contran há 4 anos em resolução que estabeleceu um calendário para a obrigatoriedade do airbag e do ABS, sistema que evita que as rodas do veículo travem em uma freada brusca. O percentual dos carros novos que deveriam ter esses dispositivos foi aumentando aos poucos, chegando a 60% em janeiro deste ano, e seria de 100% em 2014. Mas o ministro sugere que continue o aumento gradual.
“A proposta mais viável seria, em vez de passar de 60% para 100%, passar de 60% para 80% no ano que vem, e, no ano seguinte, passar para 100%. Dar um prazo de adaptação”, argumenta Mantega.
“Há uma preocupação com emprego, e uma outra preocupação é com o preço, que vai subir“, afirma o ministro. A questão do encarecimento dos carros com a instalação dos equipamentos já havia sido comentada por Mantega na quarta (11), quando ele falou pela primeira vez dapossibilidade de adiamento da medida.
Empregos
O impacto sobre empregos se daria com o fim da produção de veículos que não podem ser adaptados para a instalação dos equipamentos. É o caso da Kombi, da Volkswagen, cuja aposentadoria foi anunciada em agosto passado, devido à previsão da obrigatoriedade do airbag e do ABS. Para celebrar a despedida do veículo, foi lançada uma série especial, a Last Edition, para colecionadores, de R$ 85 mil - quase o dobro do preço da Kombi tradicional.
O sindicato dos metalúrgicos do ABC, região onde fica a fábrica da Kombi, disse que pediu adiamento ao governo da obrigatoriedade de airbag e ABS porque milhares de trabalhadores perderiam o emprego com o fim da produção do veículo.
Ao G1, Wagner Santana, secretário-geral do sindicato, disse que 2 mil trabalhadores serão afetados na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo – 1 mil pela Kombi e 1 mil pelo Gol G4, que também não pode ser adaptado para os equipamentos.
"Várias empresas de autopeças já demitiriam a partir de dezembro por conta da Kombi", afirmou, contabilizando que mais de 200 empresas fornecem peças só para a Kombi, que quase não usa itens importados. "Estamos desde o ano passado tentando negociar, buscamos com o governo uma solução que dê uma transitoriedade maior, até que novos produtos tenham condições de atender os trabalhadores."
Outros modelos, como Fiat Mille, também seriam afetados.
As fabricantes dizem que não solicitaram ao governo a postergação da lei, não participaram de negociação com o governo e só souberam da decisão na última quarta. Mas Mantega diz que as montadoras pediram o adiamento.
O ministro, no entanto, diz que não há nada decidido. Procurado pelo G1 na última quarta, o Ministério das Cidades/Denatran informou desconhecer qualquer decisão contrária às resoluções 311/2009 e 312/2009 do Contran, que tratam do assunto. "Portanto, está valendo a determinação do Conselho para que os fabricantes equipem com airbag e freios ABS os novos veículos colocados no mercado a partir de janeiro de 2014", disse o órgão, em nota.
 Especialistas em segurança
Testes de segurança independentes realizados pelo Latin NCap, braço latino-americano do Global NCAP, costumam atribuir notas baixas a carros que não possuem airbag. Entre os avaliados recentemente, o Chevrolet Agile e o Renault Clio, ambos testados sem airbag, tiveram 0 de 5 estrelas possíveis no quesito proteção de adultos (assista aos vídeos).
Nesta quinta (12), o Latin NCAP lamentou que o governo estude adiar a obrigatoriedade de ABS e airbag a todos os carros novos. "O Brasil precisa de carros mais seguros agora, não depois. O governo brasileiro deve introduzir regulamentações sólidas e transparentes. Os fabricantes de automóveis têm que oferecer aos motoristas a mesma proteção que proporcionam a seus clientes em outras partes do mundo", afirmou a organização em nota enviada ao G1.
"Os últimos testes de batida do Latin NCAP demonstraram que os fabricantes de carros podem construir veículos cinco estrelas em relação à segurança no Brasil. Eles também comprovaram o importante que é o fato de os governos estabelecerem normas mínimas de segurança para os carros vendidos aos consumidores. Sem as normas, as empresas de automóveis continuarão a oferecer segurança deficiente, e as famílias continuarão a sofrer desnecessariamente."
O Observatório Nacional de Segurança Viária sugeriu que o adiamento valesse apenas para a Kombi: "uma 'anistia' de 12 ou 24 meses, por ser um veículo de baixo volume de vendas".

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