Roubo foi feito por hackers do interior de Minas e São Paulo, via e-mail.
O Fantástico acompanhou com exclusividade a investigação.
A polícia encontrou quatro suspeitos de terem roubado fotos íntimas do computador de Carolina Dieckmann em março e depois as terem divulgado na internet, em 7 de maio, após tentativa de extorsão. De acordo com a investigação, acompanhada de perto com exclusividade pelo Fantástico neste domingo (13), hackers do interior de Minas Gerais e São Paulo invadiram o e-mail da atriz e pegaram as imagens. Isso descarta a suspeita inicial sobre funcionários de uma loja de assistência técnica no Rio de Janeiro onde Dieckmann havia deixado o laptop para consertar, há dois meses.
Um grupo especializado da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) da Polícia Civil do Rio usou programas de contra-espionagem para chegar aos suspeitos. De acordo com a investigação, o roubo teria começado com um e-mail usado como isca (spam), que ao ser aberto liberou uma porta para a instalação de um programa que permitiu aos hackers entrar no computador da atriz.
“A vítima fatalmente clicou nesse spam”, explicou o delegado Rodrigo de Souza Valle. “Provavelmente ela deixou esse arquivo ser reenviado para o autor.” Uma varredura feita no computador da atriz detectou que o invasor furtou, ao todo, 60 arquivos.
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O primeiro suspeito encontrado foi Diego Fernando Cruz, de 25 anos, que teria sido o primeiro a divulgar as fotos na internet. Com um mandado de busca e apreensão, os policias entraram no quarto dele, em Macatuba, no interior de São Paulo. No local, foram encontrados CDs, softwares e cinco computadores. Um laptop estava aberto em uma página só com fotos da atriz. Uma das pastas de arquivo estava nomeada como "Carola", mas a maioria dos arquivos tinha sido completamente apagada. “Formatei ontem”, disse Diego.
Outros três rapazes estão entre os suspeitos. Um deles é menor de idade e teria sido o autor das ligações para chantagear a atriz, com o pedido de R$ 10 mil para que as fotos não fossem publicadas.
O principal suspeito de ter invadido o computador e furtado as fotos da atriz é Leonan Santos, de 20 anos. O jovem, que vive numa casa simples em Córrego Dantas, em Minas Gerais, contou que já é investigado em outra ação de hackers, que teriam desviado dinheiro de um banco pela internet, mas se disse inocente.
Pedro Henrique Mathias seria o dono do site que publicou as fotos. O quarto integrante não teve a identidade revelada pela polícia.
Os investigadores interceptaram uma troca de mensagens pela internet entre o grupo, em que Diego admite a divulgação das fotos: “Eu passei ‘pro’ cara na quinta (3) à noite. Ele pôs no site dele na sexta (7) de tarde. Na mesma hora estava em todos os jornais”.
‘Ela tinha que ter cuidado de apagar, né’?"
Diego Cruz
Em outro bate-papo, Diego diz a Pedro Henrique como teriam conseguido as fotos. “Foi apenas invasão de e-mail, não de PC (computador). Ela tinha que ter cuidado de apagar, né? Acho que ele pegou nos (itens) enviados dela.”
Foi nas informações deixadas pelos próprios hackers nos acessos aos e-mails de Dieckmann que os investigadores encontraram uma espécie de impressão digital eletrônica (IP) dos suspeitos.
Nas conversas, Diego demonstra preocupação com a extorsão que Pedro Henrique demonstra não saber que havia acontecido. “A pena grave aí é essa extorsão. Isso aí eu nunca fiz”, escreveu Diego. “Prevejo problemas. Viu o noticiário? Ela (Dieckmann) alega ter sido chantageada. Aí a coisa muda de figura”, disse Pedro Henrique.
O grupo de hackers descobriu que era investigado e também falou sobre o assunto no bate-papo. “O trem ficou sério, hein? Em uns dias ‘tá’ a PF (Polícia Federal) interrogando a gente. Hehehe”, riu o rapaz não identificado, que parecida duvidar que seria pego. “Vai dar nada, não.”
Poucos dias depois, no entanto, a polícia chegou até os suspeitos. “Eles não esperavam que fossem ser pegos. Acreditavam que a polícia não teria recurso de detectar a ação”, explicou o inspetor. “Deixaram rastro. Todo crime sempre tem um vestígio. Na internet não é diferente.”
O Brasil não tem lei específica para crimes de informática. A Justiça se baseia no código penal e, no caso da atriz, os envolvidos serão indiciados por furto, extorsão qualificada e difamação, de acordo com a Polícia Civil.
O caso
Carolina Dieckmann procurou a polícia no dia 7 de maio, data do início das investigações comandadas pelo delegado Gilson Perdigão. Trinta e seis fotos pessoais da atriz foram publicadas na internet três dias antes, inclusive imagens ao lado do filho de quatro anos, o que, segundo o advogado dela, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, “agrava de forma substancial o crime”.
Carolina Dieckmann procurou a polícia no dia 7 de maio, data do início das investigações comandadas pelo delegado Gilson Perdigão. Trinta e seis fotos pessoais da atriz foram publicadas na internet três dias antes, inclusive imagens ao lado do filho de quatro anos, o que, segundo o advogado dela, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, “agrava de forma substancial o crime”.
A atriz recebeu ameaças de extorsão desde o fim de março, mas disse que não havia registrado queixa antes para evitar mais exposição.
Na delegacia, contou que estava tendo problemas nas suas contas em sites de relacionamentos desde o ano passado. Contou também que a empregada atendeu o telefonema de um homem que dizia ter fotos dela. Em seguida, o hacker teria enviado duas imagens por e-mail para o empresário de Carolina, por meio da conta vempropapai200101@hotmail.com. Para não divulgá-las, pediu R$ 10 mil.
A primeira suspeita foi de que as fotos pudessem ter sido copiadas há dois meses, quando o computador portátil foi levado para conserto. “A gente tem informação de que o computador foi arrumado. Essa é uma das questões que estão sendo levantadas, mas a investigação da polícia é muito mais ampla”, explicou, na época, o advogado. Técnicos e responsáveis pela loja chegaram a ser ouvidos.
Os dois sites que publicaram as fotos inicialmente foram contatados por Kakay e logo retiraram as fotos. Os advogados agora negociam com o Google para que as buscas não levem os internautas até sites que ainda divulgam as fotos.
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