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sábado, 30 de novembro de 2013

Criadora de pássaros se disfarça para preservar o grou-americano


Aves não devem ver seu rosto para se adaptar à vida selvagem.
Grous-americanos estão à beira da extinção há mais de um século.

Da AFP
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Vestida em um traje de grous, criadora lidera um bando desta ave criado em cativeiro (Foto: AFP PHOTO/Brendan SMIALOWSKI)Vestida em um traje de grous, criadora lidera um bando desta ave criado em cativeiro (Foto: AFP PHOTO/Brendan SMIALOWSKI)
Jane Chandler é especialista do Centro Federal de Pesquisa Silvestre de Patuxent, perto de Washington, nos EUA, e cria a variedade de grou - um tipo de ave - mais rara do mundo. Para que esses pássaros em risco de extinção, típicos da América do Norte, tenham a chance de sobreviver na natureza, eles nunca devem ver seu rosto ou ouvir sua voz.
Do contrário, os grous-americanos (espécie Grus americana"), se identificarão com o ser humano e nunca poderão se adaptar à vida selvagem ou desenvolver o instinto de fugir das pessoas e de outros predadores, explica a criadora.
Assim, Chandler se disfarça de grou toda vez que se aproxima dos filhotes. Ela se cobre com uma capa do pescoço até os tornozelos, e veste um boné branco e uma espécie de véu para cobrir o rosto.
Também leva na mão um tipo de marionete com o formato da cabeça de um grou adulto e usa o bico para catar bolinhas ou uvas para alimentar um grupo de onze grous jovens de quase seis meses.
Criadora precisa se disfarçar de grou, para que aves possam adaptar-se à vida selvagem (Foto:  AFP PHOTO/Brendan SMIALOWSKI)Criadora precisa se disfarçar de grou, para que aves possam adaptar-se à vida selvagem (Foto: AFP PHOTO/Brendan SMIALOWSKI)
Os filhotes já têm um metro de altura. A cabeça e as asas são da cor marrom claro, que desaparecerá quando forem adultos. Então suas penas serão de um branco brilhante com as extremidades pretas.
Em breve, os onze grous jovens serão levados de avião à sua nova residência, em uma área pantanosa protegida da Lousiana (sul), onde se unirão a um grupo de outros 23 grous já libertos.
As aves, as maiores do continente americano, com 1,50 metro de altura, estiveram a ponto de desaparecer nos Estados Unidos há mais de um século. Elas chegaram à beira da extinção com a perda de seu habitat, quando pioneiros drenaram os pântanos para conseguir terras de cultivo.
Meio século de esforços
Nos anos 1940, havia apenas vinte destas grandes aves na natureza.
Agora, depois de meio século de esforços e milhões de dólares gastos anualmente para repor as populações de grous-americanos, há cerca de 600, metade vivendo na natureza e a outra metade, em cativeiro.
Especialistas calculam que para que se possa manter a espécie de forma sustentada seriam necessários pelo menos mil grous-americanos vivendo na natureza em pelo menos duas populações separadas.
Dois dos quatro principais programas implementados desde os anos 1960 para reintroduzir os grous em um entorno selvagem fracassaram e um terço teve tantas dificuldades que os observadores se questionam se é possível voltar a inserir estas aves em habitats onde já desapareceram.
Quase todas as tentativas de repovoar estes animais na natureza no Wisconsin fracassaram. Dos 132 ninhos encontrados com ovos entre 2005 e 2013, só em 22 nasceu pelo menos um filhote e só cinco deles sobreviveram um ano, segundo a ecologista Sarah Converse, do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês).
Com frequência, as aves adultas deixam seus ninhos, mesmo antes de romper a casca de seus ovos, um mistério que os cientistas acreditam ter resolvido.
Segundo Converse, "os grous abandonam o ninho aparentemente porque com frequência são picados por moscas negras muito agressivas". Por isso, desde 2011, os cientistas soltam os grous em áreas onde há menos moscas deste tipo.
Outra estratégia de repovoamento consiste em entregar filhotes nascidos em cativeiro a grous adultos na natureza para que os jovens permaneçam um ano com seus "tutores" maiores antes de voar por conta própria.
Em 2013, quatro grous jovens foram soltos em grupos perto de grous adultos. Dois morreram rapidamente, um deles apanhado por um lobo ou coiote. Os outros dois sobreviveram, vincularam-se aos outros grous adultos e migraram com eles para o sul.
Apesar da perda de 50% das aves, "este projeto é um grande sucesso", avaliou Glenn Olsen, veterinário do USGS. Em 2014, de seis a nove grous jovens também tentarão a sorte na natureza.

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