'Foi um chute defensivo', disse, exaltado e falando palavrões em audiência.
Condutor diz que não lembra de acidente que matou nove pessoas.
193 comentários
Durante a audiência de instrução de julgamento sobre a queda do ônibus da linha 328 (Castelo-Bananal) na Avenida Brasil, nesta segunda-feira (18) no Rio, o réu Rodrigo dos Santos Freire se exaltou, falando palavrões dentro do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O acidente deixou nove mortos e sete feridos em abril.
"Foi um chute defensivo, agi em legítima defesa", disse o passageiro, se defendendo da acusação de que sua agressão ao motorista André Oliveira, também réu no processo, perdeu o controle do veículo.
Rodrigo afirmou que pulou a roleta, mas sem nenhuma intenção de agredir o motorista. "Meu objetivo era convencê-lo a abrir a porta da frente. Ele chegou a levantar para me ameaçar. Neste momento eu dei o chute", disse.
Já o motorista André Oliveira, que também é réu no processo, contou à juíza que não lembra de nada que ocorreu no dia do acidente. Ele, que trabalhava há dois anos e meio na Paranapuan, possui duas multas por parar fora do ponto. Ele ainda está se recuperando de uma lesão no fêmur direito e na coluna.
saiba mais
Ao todo foram ouvidas onze testemunhas, além de uma mídia enviada à juíza com o depoimento através de carta precatória de mais uma testemunha ouvida em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Imagens são solicitadas
A juíza Paula Fernandes Machado vai solicitar que a empresa Paranapuan envie uma cópia das imagens gravadas pela câmera de segurança do veículo no dia do acidente e que Prefeitura encaminhe as imagens da câmera da Cet-Rio localizada próxima ao viaduto. O prazo para a entrega é de cinco dias.
A juíza Paula Fernandes Machado vai solicitar que a empresa Paranapuan envie uma cópia das imagens gravadas pela câmera de segurança do veículo no dia do acidente e que Prefeitura encaminhe as imagens da câmera da Cet-Rio localizada próxima ao viaduto. O prazo para a entrega é de cinco dias.
Devido ao recesso forense, a sentença deve sair em janeiro de 2014. Os crimes são expor a risco em meio de transporte público e lesão corporal dolosa contra o motorista.
Provocação
Mais cedo, uma testemunha contou que, antes de ser agredido, André teria provocado Rodrigo. "O motorista falou para ele que ele não desceu [no ponto] porque ele foi andando rebolando para a porta de saída”, disse a estudante de farmácia Simone Freitas, de 18 anos, que estava no coletivo.
Mais cedo, uma testemunha contou que, antes de ser agredido, André teria provocado Rodrigo. "O motorista falou para ele que ele não desceu [no ponto] porque ele foi andando rebolando para a porta de saída”, disse a estudante de farmácia Simone Freitas, de 18 anos, que estava no coletivo.
Após a discussão, Rodrigo pulou a roleta e agrediu André. Simone contou que viu mais de dois chutes, na cabeça e no peito.
'Tentei saltar antes', diz testemunha
Antes de Simone, a primeira testemunha a ser ouvida relatou que o coletivo vinha em alta velocidade e que chegou a rezar antes da queda do ônibus. “Tentei saltar antes, mas não consegui. Comentei da velocidade, mas eu segui e pensei: 'Seja o que Deus quiser'. Eu vi ele pulando a roleta (Rodrigo), eles (Rodrigo e motorista) discutiram muito. Estava prevendo que algo ia acontecer. Me ajoelhei no banco para rezar", relatou Antônio José, de 86 anos, que ficou 25 dias internado após o acidente.
Antes de Simone, a primeira testemunha a ser ouvida relatou que o coletivo vinha em alta velocidade e que chegou a rezar antes da queda do ônibus. “Tentei saltar antes, mas não consegui. Comentei da velocidade, mas eu segui e pensei: 'Seja o que Deus quiser'. Eu vi ele pulando a roleta (Rodrigo), eles (Rodrigo e motorista) discutiram muito. Estava prevendo que algo ia acontecer. Me ajoelhei no banco para rezar", relatou Antônio José, de 86 anos, que ficou 25 dias internado após o acidente.
Antônio fraturou cinco costelas, perfurou o pulmão, quebrou a clavícula e teve um coágulo na cabeça. Segundo ele, até hoje está com a clavícula fora do lugar, e precisa de fisioterapia.
Pena
André e Rodrigo foram denunciados pelo Ministério Público pelo crime de atentado contra a segurança do transporte viário. A pena pode variar entre um a cinco anos de reclusão, com agravante de o fato resultar em desastre — a pena pode ser dobro porque nove pessoas morreram no acidente.
André e Rodrigo foram denunciados pelo Ministério Público pelo crime de atentado contra a segurança do transporte viário. A pena pode variar entre um a cinco anos de reclusão, com agravante de o fato resultar em desastre — a pena pode ser dobro porque nove pessoas morreram no acidente.
Rodrigo responde ainda por lesão corporal dolosa contra André, e pode ser com punido até mais cinco anos de prisão, se condenado.
A segunda testemunha a prestar depoimento disse que ficou três meses sem trabalhar por causa do acidente. O motorista particular Everaldo Roberto da Veiga, 41 anos, teve traumatismo craniano e ficou seis dias no CTI em coma induzido. De acordo com ele, também teve fraturas na clavícula, costelas, a face e teve perfuração no pulmão.
Everaldo contou que a briga começou após Rodrigo pedir para o motorista parar fora do ponto e não foi atendido. O motorista particular contou ainda que entre 20 a 30 pessoas desembarcaram do ônibus na altura da saída da Ilha. De acordo com ele, esse número correspondia a metade das pessoas que estavam no veículo. “Se esses passageiros não tivessem desembarcado, teria morrido muito mais gente. Eu nasci de novo. Cair de quase 10 metros de um viaduto e estar vivo? Espero que a justiça seja feita”.
O ônibus caiu do Viaduto Brigadeiro Trompowski na pista lateral da Avenida Brasil, na altura da Ilha do Governador, Subúrbio. Rodrigo, que é estudante de engenharia da UFRJ e morador da Cacuia, na Ilha, teria dado um chute no rosto e causado desmaio do motorista, após bate-boca iniciado porque o passageiro não conseguiu descer no ponto que desejava, estando atrasado para a aula.
O ônibus caiu do Viaduto Brigadeiro Trompowski na pista lateral da Avenida Brasil, na altura da Ilha do Governador, Subúrbio. Rodrigo, que é estudante de engenharia da UFRJ e morador da Cacuia, na Ilha, teria dado um chute no rosto e causado desmaio do motorista, após bate-boca iniciado porque o passageiro não conseguiu descer no ponto que desejava, estando atrasado para a aula.
Depoimentos controversos
Dorenilde de Souza, que também estava no coletivo na hora da queda e perdeu uma amiga no acidente, foi a terceira testemunha a prestar depoimento. Segundo ela, Rodrigo agrediu o motorista com vários socos na cabeça e chutes, no entanto, o condutor não teria reagido. A testemunha acrescentou, entretanto, que André olhava para trás constantemente e se virava para responder às agressões verbais.
Dorenilde de Souza, que também estava no coletivo na hora da queda e perdeu uma amiga no acidente, foi a terceira testemunha a prestar depoimento. Segundo ela, Rodrigo agrediu o motorista com vários socos na cabeça e chutes, no entanto, o condutor não teria reagido. A testemunha acrescentou, entretanto, que André olhava para trás constantemente e se virava para responder às agressões verbais.
No entanto, segundo a estudante de enfermagem Amanda Santana, 20 anos, a briga foi provocada pelo motorista André. Ela afirmou que viu o momento em que Rodrigo foi até o motorista e pediu para ele parar. Segundo ela, Rodrigo estava exaltado, no entanto, ele teria reagido às provocações de André. “Ele estava exaltado, mas não falava baixaria com o motorista. Eu escutei o motorista dizer para ele: ‘Pode me bater, vem para a mão’. E ele fez como se fosse levantar para brigar. O garoto, provavelmente, perdeu a cabeça, mas foi ineficaz discutir com o motorista. Foi de uma completa irresponsabilidade das duas partes”, afirmou.
Adriana Chagas, 30 anos, irmã de Luciana Chagas, que morreu no acidente, chegou a ser convocada, mas foi dispensada pela juíza. “Achei justo eu não ter que depor, pois eu não estava lá. Mas achei injusta a acusação do Ministério Público e a Justiça entender que eles não tinham a intenção de matar. A partir do momento que você age dessa forma ao volante, assume que pode matar. Eles são culpados na mesma proporção”, afirmou.
Duas testemunhas, o técnico de informática Nelson Martins e o cozinheiro identificado apenas como Marcelo, reconheceram, no Hospital Miguel Couto, na ocasião, Rodrigo como o agressor de André. Os dois sobreviventes desceram do ônibus momentos antes da queda, quando a discussão já havia começado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário