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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Maioria pró-condenação 'surpreende' defesa de acusados de desvio no BB



Seis ministros do Supremo já entenderam que acusados são culpados.
Resultado não é definitivo, porque magistrados ainda podem alterar votos.

Fabiano Costa, Mariana Oliveira e Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília
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Advogados de réus suspeitos de terem desviado recursos do Banco do Brasil afirmaram nesta segunda-feira (27) ao G1 terem ficado “surpresos” com o resultado parcial do julgamento em torno do núcleo da instituição financeira.
Com o voto da ministra Cármen Lúcia, o Supremo Tribunal Federal (STF) atingiu a maioria pela condenação do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato e de Marcos Valério e seus sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz.
Até o momento, todos os seis magistrados que já se manifestaram aceitaram os argumentos da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre os supostos crimes cometidos no banco estatal.
Embora com maioria, a condenação dos quatro réus não é definitiva porque, até o julgamento terminar, os ministros ainda podem mudar os votos.
“Fiquei absolutamente surpreso. Não consigo explicar para o meu cliente essas decisões. Não sei o que faço”, comentou o defensor de Hollerbach, Hermes Guerrero.
Sócios de Marcos Valério, Hollerbach e Paz são acusados pelo Ministério Público de terem participado da negociação dos empréstimos fraudulentos e dos desvios de contratos públicos com o Banco do Brasil e a Câmara.
Responsável pela defesa do publicitário, Guerrero reclamou que o cliente dele foi “misturado” nas acusações que envolviam a DNA Propaganda, agência de Marcos Valério da qual ele não teria ingerência. Segundo o advogado, Hollerbach está “assustado” com o resultado parcial do julgamento.
“Ele está assustado com isso. Se ele foi condenado pela DNA, que nunca teve participação, o que pode esperar com relação às outras fases do julgamento? Eu também estou assustado”, disse Guerrero.
Fiquei absolutamente surpreso. Não consigo explicar para o meu cliente essas decisões."
Hermes Guerrero, advogado do réu Ramon Hollerbach
Para o advogado de Cristiano Paz, Castellar Modesto Guimarães Filho, a presença de Pizzolato no núcleo teria dificultado a defesa dos outros três réus.
“Fiquei bastante surpreso (com o resultado parcial), mas a participação do Pizzolato, indiscutivelmente, fez com que os ministros atuassem de forma mais sintonizada nesse núcleo. A prova está sendo acolhida de forma unânime”, afirmou Castellar.
Mesmo com o resultado adverso, o defensor tentou demonstrar otimismo. Ele disse acreditar que um dos cinco ministros que ainda não proferiram voto possa abrir uma divergência que convença os demais colegas a reavaliar o pedido de condenação.
“Tenho o otimismo como companheiro inseparável. Temos de aguardar. De repente, podemos ter alguma surpresa. Só vou considerar definitivo após o voto do último ministro”, afirmou.
À frente da defesa de Henrique Pizzolato, o advogado Marthius Sávio Cavalcante Lobato revelou que, até o início da sessão, ainda nutria uma expectativa de que surgisse um voto divergente pela absolvição.
Tenho o otimismo como companheiro inseparável. Temos de aguardar. De repente, podemos ter alguma surpresa. Só vou considerar definitivo após o voto do último ministro."
Castellar Modesto Guimarães Filho, advogado do réu Cristiano Paz
Lobato, no entanto, disse que só irá se manifestar sobre uma eventual condenação após os ministros concluírem a rodada de votos do item 3 da denúncia da PGR, que analisa os supostos crimes efetuados no Banco do Brasil e na Câmara.
“Mesmo com essa eventual maioria, vou me reservar o direito de falar somente no resultado final para ter uma visão mais geral dos votos”, explicou o advogado.
G1 também tentou ouvir o defensor de Marcos Valério sobre os seis votos que pediram a condenação do suposto operador do mensalão pelas alegadas irregularidades no banco estatal. O advogado Marcelo Leonardo, entretanto, não tinha sido localizado até a publicação desta reportagem.
Desvios no Banco do Brasil
Os seis ministros que votaram até aqui entenderam que houve crimes com relação à acusação de peculato contra o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato e o grupo de Valério.
Segundo a denúncia, o ex-diretor de Marketing do banco recebeu R$ 326 mil em propina para beneficiar agência de Valério. Ele também teria autorizado, diz a denúncia, o repasse de R$ 73,8 milhões do fundo Visanet para empresa de Marcos Valério.
Pizzolato recebeu seis votos pela condenação nos crimes de peculato (desviar recurso na condição de servidor) e corrupção passiva (receber vantagem indevida). Foram cinco votos pela condenação no crime de lavagem de dinheiro porque a ministra Rosa Weber não analisou a acusação e afirmou que vai decidir no decorrer do julgamento.
Foram duas acusações de peculato a Pizzolato, uma sobre o recebimento dos R$ 326 mil e outra em relação ao desvio de R$ 2,5 milhões em bônus de volume que deveriam ter sido repassados ao Banco do Brasil.
Marcos Valério e os sócios receberam seis votos cada para condenação por corrupção ativa (oferecer vantagem indevida) e peculato. Os seis ministros que já manifestaram no item 3 votaram pela absolvição do ex-ministro da Secretaria de Comunicação Luiz Gushiken.
 

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