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terça-feira, 11 de junho de 2013

'Profissionais do amor' faturam com alianças, sedução e 'DRs' dos casais


Pela relação vale fazer terapia, dar joias ou até aprender a seduzir.
É aí que entram os profissionais que ajudam a unir os apaixonados.

Marta Cavallini e Pâmela KometaniDo G1, em São Paulo
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Ana Paula Rodrigues, vendedora da Vivara (Foto: Caio Kenji/G1)Ana Paula Rodrigues, 31 anos, vendedora da Vivara, diz que nesta época do ano a loja fica cheia de homens em busca de presentes para as companheiras (Foto: Caio Kenji/G1)
Relacionamentos amorosos dão trabalho, não apenas para quem vivencia as relações, como para profissionais que trabalham de uma forma ou de outra para ajudar as pessoas a serem felizes no amor. E nesta época do ano, perto do Dia dos Namorados, eles são bastante requisitados tanto por quem está em um relacionamento amoroso como por solteiros em busca de sua 'cara metade'.
Na hora de comprar aquela joia que vai simbolizar a união, fazer declarações de amor inusitadas, aprimorar o poder de sedução ou mesmo buscar uma ajuda profissional para ajustar os ponteiros durante as 'DRs' (as famosas discussões de relacionamento), entram em cena a vendedora de anéis, o pessoal da telemensagem, o terapeuta de casal, a testadora de produtos eróticos e até uma consultora de técnicas de sedução. Todos têm objetivos comuns em seu trabalho, sejam eles unir casais, melhorar ou até reatar relacionamentos.

A mineira Ana Paula Rodrigues, 31 anos, trabalha com o que ela chama de “um presente eterno que ajuda nos relacionamentos”. Ela é vendedora de joias há 5 anos e, há seis meses, trabalha na rede de joalherias Vivara. A maior parte da clientela da loja é do sexo masculino, segundo ela. “Agora nesta época a loja fica cheia de homens. Muitos compram alianças, aproveitam o Dia dos Namorados para pedir em casamento”, conta.
Ana Paula diz que já sabe, só pelo pedido, a intenção do cliente. “Se olha colar é para esposa, se olha aliança é para casar, se é colar e brinco junto é para aniversário de casamento”, afirma. “Dá para perceber se é por paixão, se é por vínculo, se é para fortalecer a relação ou para celebrar os anos de convívio. A gente vive com eles".
Ana Paula Rodrigues, vendedora da Vivara (Foto: Caio Kenji/G1)O anel é a joia mais vendida, segundo Ana Paula
(Foto: Caio Kenji/G1)
O anel é a joia mais vendida. “´É o elo”, diz. O brinco é o segundo produto mais vendido, seguido pelo colar. E a maior parte das vendas é para aniversário de casamento ou aniversário da esposa. Já os mais jovens compram geralmente anel de compromisso. Todos, sempre com a preocupação de fazer surpresa para as companheiras. “Os clientes mostram a foto da mulher no celular, isso ajuda porque dá para ver a aparência da mulher e perceber o estilo dela”, conta.
“A joia tem valor do eterno, é para selar o amor, joia é para sempre, é um investimento, fica para a família, herança para filhas, netas”, afirma. Ana Paula diz que também dá dicas de restaurantes românticos para os clientes fazerem o pedido de casamento. “Muitos dizem que vão procurar na internet formas de surpreender as mulheres [para entregar a aliança]”, diz.
“Quem vem aqui é porque está preocupado em agradar ao outro. E se vem é por ‘aquela mulher’, ele tem certeza do que ele está fazendo, de que se entregou no relacionamento, e dar joia vai além de dar presentes como roupa ou bolsa”, diz Ana Paula.
Já as mulheres compram mais relógios para os homens. “O relógio é a joia do homem”, diz Ana Paula. Segundo ela, quando o casal vai junto comprar joias é sempre “a mulher que bate o martelo”. “O homem é mais fácil de atender porque é mais pragmático. Para homem acima de 40 anos é preciso mais argumento, ele pensa, pesquisa, é preciso agregar valor ao produto, já a mulher age mais por impulso”, explica.
Apesar de o papel de comprar a aliança ainda ser dos homens, há quem tente quebrar esse “tabu”. “Já atendi uma cliente que comprou alianças para pedir o namorado em casamento em Veneza”, conta Ana Paula.
Mariana Blac, testadora de produtos eróticos (Foto: Divulgação)Mariana Blac testa produtos eróticos para site
(Foto: Divulgação)
'Apimentando' a relação
Mariana Blac, de 27 anos, tem um trabalho que pode ser invejado por várias pessoas. Ela é testadora de produtos eróticos para o site de buscas Sexonico.com.br. Depois de usar os brinquedos, ela relata o que achou deles no próprio site. A jornalista já escreveu resenhas sobre calcinhas comestíveis, vibradores de vários tipos, bonecos infláveis, bolinhas de pompoarismo, entre outros produtos.
Após descrever no site os pontos positivos e negativos, ela recebe o feedback dos clientes. É nesse momento que ela fica sabendo o que funciona para os casais e se a experiência está ajudando nas relações.
“As pessoas dizem que o produto melhorou o relacionamento delas e que a partir dali elas descobriram novas possibilidades”. Mariana diz que recebe feedbacks positivos principalmente de pessoas casadas há mais de 20 anos. “Quem procura quer comprar o produto para o outro. Geralmente os homens compram para aniversário de casamento ou dia dos namorados. Já as mulheres querem fazer surpresa”, diz.
Entre os comentários dos leitores que ela recebeu estão: “Foi uma delícia, uma experiência muito boa, e ao final consegui o que queria: surpreendê-la e me surpreender”, “Desde então, nosso relacionamento mudou bastante, hoje em dia, estamos abertos e dispostos a tudo quando o assunto é sexo”, afirma. "Em um relacionamento a vontade dos dois deve ser respeitada e levada em conta. E nada melhor do que um diálogo para esclarecer as dúvidas e desejos de ambos."
Em um relacionamento a vontade dos dois deve ser respeitada e levada em conta. E nada melhor do que um diálogo para esclarecer as dúvidas e desejos de ambos"
Mariana Blac,
testadora de produtos eróticos
Segundo Mariana, os homens procuram produtos para dar prazer para a companheira. Já as mulheres querem que ambos tenham prazer mais prolongado e compram não só brinquedos sexuais como também trajes que servem como fetiche para o casal, como roupas de enfermeira.

Os produtos mais vendidos são os vibradores, seguidos da bomba peniana (que promete aumentar o tamanho do pênis) e anel peniano - espécie de aro que vibra e que dá mais sensibilidade para o homem e ao mesmo tempo prazer para a mulher.

De acordo com a testadora, após o sucesso do livro "50 tons de cinza", aumentou a procura por produtos sadomasoquistas para apimentar a relação, principalmente por casais com mais de 30 anos de casamento. Entre os produtos estão algemas, vendas de olhos e velas para massagem. "São produtos muito elogiados. As mulheres acabam descobrindo novas maneiras de liberar a imaginação e agradar ao homem."
Stella Alves ministra curso de técnicas de sedução para mulheres (Foto: Arquivo pessoal)Stella Alves ministra curso de técnicas de sedução
para mulheres (Foto: Arquivo pessoal)
Transformação pela sedução
"Muitas mulheres já relataram uma grande mudança em seus relacionamentos. Alguns homens até já ligaram agradecendo a transformação que aconteceu com as esposas, namoradas ou noivas", diz Stella Alves, consultora de técnicas de sedução que há 16 anos passa seus conhecimentos de técnicas de pompoarismo, striptease, massagens sensual e tailandesa para mulheres que desejam apimentar a relação e sair da rotina.
Stella era dona de casa e tinha baixa autoestima até que percebeu que precisava mudar. "Só cuidava do marido e dos filhos e fui em busca de algo que mudasse minha vida", conta. Ela descobriu o pompoarismo sozinha e começou a falar sobre a técnica para as amigas. Em pouco tempo, começou a fazer palestras e a trabalhar na áreae também dá dicas em um site.
Nos cursos, que já atraíram cerca de 300 mil mulheres, suas clientes aprendem a usar o poder de sedução e também como manter o relacionamento 'vivo'. Segundo Stella, mulheres de 18 a 78 anos procuram seu trabalho. "Também falo sobre a importância da autoestima e da autoconfiança para elas se valorizarem. Elas passam a se amar mais e com isso melhoram e apimentam seus relacionamentos a cada dia."
Ailton Amélio da Silva é especializado em relacionamentos amorosos (Foto: Arquivo pessoal)Ailton Amélio da Silva é especializado em
relacionamentos amorosos (Foto: Arquivo pessoal)
Mediador de 'DRs'
O psicólogo clínico, professor do Instituto de Psicologia da USP e escritor Ailton Amélio da Silva trabalha há mais de 20 anos ajudando casais a se reconciliar. Experiente na área de relacionamento amoroso, Silva diz que ajuda os casais a descobrirem o que é melhor para eles. "Sou mediador de quem não consegue conversar entre si", define.
"Quando eles recorrem à terapia é porque a situação está grave", diz. E é nesta época do ano e perto do Natal que o profissional mais trabalha. "Sou meio Santo Antônio. Fim de ano e época de Dia dos Namorados ativam o sentimento das pessoas, muitos que estão sozinhos ou com problemas no relacionamento me procuram", diz.
Ele cita ainda casais com crise do vazio com a saída dos filhos, os que vão morar juntos e num primeiro momento têm dificuldade de se adaptar, os que estão na faixa dos 40 anos que estão em crise e os que têm filhos e a vida sexual diminui. Mas grande parte dos casais procura por ele para ver se é possível perdoar a traição do outro. "Os que traem vêm para falar sobre isso, tem casais que brigam demais e tentam apaziguar a relação, ajudo também muitos tímidos que não conseguem iniciar um namoro".
Eu luto com o casal para que o relacionamento dê certo, é muito emocionante quando a pessoa consegue namorar, ser correspondida ou reaver o relacionamento"
Ailton Amélio da Silva,
psicólogo clínico
Segundo o psicólogo, não há fórmula nem regras para ajudar - ele tenta estimular a criatividade dos pacientes durante as sessões. "Eu luto com o casal para que o relacionamento dê certo, é muito emocionante quando a pessoa consegue namorar, ser correspondida ou reaver o relacionamento. Muitos voltam a namorar na sessão de terapia", conta Silva. Ele mantém o distanciamento profissional para ajudar na decisão, que nem sempre é pela reconciliação. "Infelizmente para muitos a solução é separar ou desapaixonar."
Silva diz não se importar em ouvir brigas e discussões de relacionamento boa parte do seu dia. "Sou movido pela curiosidade, é instigante, tento ver o que tá por trás, e a perspectiva é altamente motivadora", comenta. A maior parte de seus pacientes são homens. “"Os mais jovens vêm mais por timidez, os com mais de 60 anos têm interesse em refazer a vida amorosa ou melhorar o clima da relação", conta.
Loucuras pela reconciliação
Assim como Silva, Carmen Sarti e Josué Soares dos Santos há 15 anos ajudam a melhorar e até a reatar relacionamentos entre casais. Eles usam carros de som, fazem declarações apaixonadas, entregam flores e presentes e fazem até queima de fogos. A empresa Loucuras de Amor faz cerca de 260 eventos por mês. “A loucura de amor é só um gesto, a intenção mesmo é homenagear a pessoa amada”, afirma Santos.
A empresa começou oferecendo cestas de café de manhã e telemensagens e passou depois a usar carros de som. “Durante a semana são feitas de três a quatro mensagens, mas no sábado e domingo são cerca de 30 em cada dia”, diz Carmen.
Carmem e Josué durante 'loucura' de reconcialiação (Foto: Arquivo pessoal)Carmem e Josué durante 'loucura' de reconcialiação (Foto: Arquivo pessoal)


A Loucuras também faz homenagens de aniversário e bodas de casamento, mas a maioria dos pedidos envolve apresentações românticas ou de reconciliação. Os clientes entram em contato pelo telefone e contam suas histórias para que a empresa sugira o evento mais adequado para a situação.

“Tem pessoas que contam a vida toda e muitas delas usam o momento para desabafar. Quando conhecemos a história conseguimos mexer mais com o coração da pessoa que vai receber a homenagem”, diz Santos. Segundo eles, a maioria das loucuras de reconciliação é feita de homens para mulheres.
Nas mensagens de reconciliação, o carro chega em silêncio e a pessoa que vai receber a homenagem é avisada. Só quando ela aceita ouvir a mensagem é que a “loucura” começa, com direito a carro com som de helicóptero ou sirene da polícia, decoração com bexigas e corações, músicas românticas, mensagens de amor, presente (flores, coração de pelúcia ou champanhe), queima de fogos, show com máquina de papel laminado e som de trio elétrico.
Santos explica que, na maioria das vezes, o pedido de reconciliação acontece por uma briga boba, mas os casos de traição também são comuns. “Somente uma vez não deu certo, o marido pegou a mulher com outro e não quis nem ouvir a mensagem. Como todos os vizinhos sabiam, ele preferiu evitar a exposição.”

Na hora da declaração, Santos ressalta que o autor da “loucura” tem que aproveitar o calor do momento para emocionar o companheiro. “Na hora tem que ter beijo e abraço”, conta. 

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