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quinta-feira, 27 de junho de 2013

Audiências, protesto e atividades marcam 5 meses da tragédia na Kiss


Incêndio na casa noturna em Santa Maria deixou 242 mortos.
Sobreviventes prestam depoimento e familiares organizam programação.

Do G1 RS
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Os cinco meses da tragédia na boate Kiss serão marcados nesta quinta-feira (27) por uma série de atividades, realizadas por familiares e amigos das vítimas todos os meses, além da sequência dos depoimentos de sobreviventes à Justiça. Na Câmara de Vereadores de Santa Maria o protesto de parentes continua. Desde terça-feira (25) eles ocupam o plenário após vazamento de áudio polêmico com conversas de vereadores e assessores sobre a CPI da Kiss, que investiga responsabilidades do poder público.
O grupo, que passou a segunda noite na Câmara, diz que só sairá do prédio quando os integrantes da CPI renunciarem e o procurador jurídico Robson Zinn for exonerado. Cerca de 60 pessoas seguem no local. Como paredes foram pichadas, um grupo de manifestantes formou uma força tarefa para evitar atos de vandalismo. O presidente da Câmara, vereador Marcelo Bisogno, desistiu de pedir a reintegração de posse do prédio.
Manifestante dorme na Câmara dos Deputados de Santa Maria (Foto: Reprodução/RBS TV)Manifestante dorme na Câmara dos Deputados de
Santa Maria (Foto: Reprodução/RBS TV)
Por meio de nota, vereadores membros da CPI reuniram-se na tarde de quarta-feira e decidiram que irão se manifestar de forma oficial somente após a desocupação do prédio e a retomada das atividades normais da Câmara.
Uma conversa gravada em uma reunião da CPI causou revolta na cidade. A Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) avisou que pedirá a anulação da CPI. O áudio de uma reunião entre dois vereadores e assessores que integram a comissão mostra uma discussão sobre os rumos da investigação. Eles citam que havia orientação de "não dar em nada". O G1 obteve uma cópia da gravação com mais de 42 minutos feita em abril (ouça o principal trecho).
Audiências
A sessão que marcou o início da fase de instrução do processo criminal contra os quatro réus acusados de homicídio doloso no caso começou na quarta-feira (26). Foram ouvidos 10 dos 13 depoimentos que estavam programados. Duas testemunhas não foram localizadas e outro depoimento foi reagendado. Para esta quinta-feira estão agendados outros 13 depoimentos, parte pela manhã e parte à tarde.
Os testemunhos foram divididos em duas sessões. A primeira vai até a sexta-feira (28) e a segunda deve ocorrer entre os dias 9 e 10 de julho.
Fórum de Santa Maria, RS, audiências do caso do incêndio da boate Kiss (Foto: Marcio Luiz/G1)Fórum de Santa Maria recebe audiências do caso
do incêndio da boate Kiss (Foto: Marcio Luiz/G1)
O vocalista e o produtor da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão, réus do processo criminal da tragédia na boate Kiss, também participaram da audiência. Os outros réus acusados de homicídio doloso são os sócios da casa noturna, Elissandro Spohr e Mauro Hoffman.
No total, serão ouvidos 60 sobreviventes da tragédia na casa noturna arrolados como testemunhas no processo. Eles foram indicados pelo Ministério Público (MP), pela assistência de acusação, representada pelo advogado da AVTSM, e pelos defensores dos réus.
As atividades dos cinco meses
O tradicional "minuto de barulho" realizado pelos familiares e amigos das vítimas da boate todos os meses se repetirá nesta quinta, às 18h. A AVTSM pede que os motoristas buzinem, que as pessoas batam palmas, que as igrejas badalem os sinos, entre outras ações.
A concentração ocorrerá em frente à catedral, no centro de Santa Maria, e depois haverá uma caminhada pela Rua do Acampamento em direção à Basílica da Medianeira. No Santuário da Basílica, às 20h, está prevista uma cerimônia religiosa. O ato ecumênico será aberto aos familiares das vítimas e toda a comunidade.
Entenda
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, na madrugada de domingo, dia 27 de janeiro, resultou em 242 mortes. O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco.
O inquérito policial indiciou 16 pessoas criminalmente e responsabilizou outras 12. Já o MP denunciou oito pessoas, sendo quatro por homicídio, duas por fraude processual e duas por falso testemunho. A Justiça aceitou a denúncia. Com isso, os envolvidos no caso viram réus e serão julgados. Dois proprietários da casa noturna e dois integrantes da banda foram presos nos dias seguintes à tragédia, mas a Justiça concedeu liberdade provisória aos quatro em 29 de maio.
As primeiras audiências do processo criminal foram marcadas para o fim de junho. Paralelamente, outras investigações apuram o caso. Na Câmara dos Vereadores da Santa Maria, uma CPI analisa o papel da prefeitura e tem prazo para ser concluída até 1º de julho. O Ministério Público ainda realiza um inquérito civil para verificar se houve improbidade administrativa na concessão de alvará e na fiscalização da boate Kiss.
Veja as conclusões da investigação
- O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso no palco
- As faíscas atingiram a espuma do teto e deram início ao fogo
- O extintor de incêndio do lado do palco não funcionou
- A Kiss apresentava uma série das irregularidades quanto aos alvarás
- Havia superlotação no dia da tragédia, com no mínimo 864 pessoas
- A espuma utilizada para isolamento acústico era inadequada e irregular
- As grades de contenção (guarda-corpos) obstruíram a saída de vítimas
- A casa noturna tinha apenas uma porta de entrada e saída
- Não havia rotas adequadas e sinalizadas de saída em casos de emergência
- As portas tinham menos unidades de passagem do que o necessário
- Não havia exaustão de ar adequada, pois as janelas estavam obstruídas


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