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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Exagero de músculos pode prejudicar passistas na avenida



Para especialistas, corpos sarados demais dificultam a movimentação e tiram a malemolência para sambar.

Entre as mulheres lindas que desfilaram nas escolas de samba, estavam musas musculosas, de corpos sarados. Para alguns, sarados até demais.
O assunto é polêmico, mas agora não é mais questão de gosto. Virou discussão técnica: uma passista muito forte perde ponto em evolução?
A Vila Isabel ganhou o carnaval carioca com o enredo "Brasil, Celeiro do Mundo".
Entre as musas da escola, Quitéria Chagas, bonita por natureza. “A minha prioridade é exercer a arte do samba no pé e tentar evoluir, dar andamento à escola. Eu me sinto melhor mais magra para desempenhar. Eu já tive uma época onde eu fiz um pouco mais de musculação e meu corpo estava um pouco mais forte. Eu preferi reduzir, por quê? Estava me atrapalhando na movimentação do samba, porque para mim pesa”, explica Quitéria Chagas.
Para Bianca Salgueiro, que também foi destaque da Vila, o corpo forte não pesa. “Não me atrapalha ter esse corpo sarado na hora de sambar não. “Três meses antes do carnaval, eu pego mais pesado para dar uma inchada na perna, para dar uma definida na barriga. As pessoas ficam esperando ver a mulher, o mulherão, com bundão, pernão, acho que o carnaval pede isso”, defende Bianca.
O carnaval pede e as escolas atendem, com fartura, e há muito tempo. Mas, este ano, houve polêmica. Rainha de bateria da Beija-Flor há dez anos, Raíssa era uma menina que cresceu, e muito.
Segundo um diretor da escola, cresceu até demais. “A Raíssa sambava demais. Ela foi escolhida rainha da bateria porque ela era terrível no pé, hoje ela está um pouquinho...Ela não está transmitindo para gente o que ela era”, diz Laíla, diretor da Beija-Flor.
Muito músculo atrapalha ou não o samba?
O carnavalesco Chico Spinoza, da Vila Maria, de São Paulo, já ganhou um campeonato no Rio, com a Estácio de Sá. Ele reclama do exagero de músculos e próteses na avenida. “O corpo não responde à ginga e a malemolência que um samba pede”, explica Chico.
Ele traçou a linha evolutiva das musas do sambódromo. Os anos 80 foram de Monique Evans e Luma de Oliveira. Luiza Brunet trouxe a primeira mudança no padrão de beleza. “A Luiza Brunet representou a maioria da mulher brasileira na avenida” afirma o carnavalesco.
Entre as sucessoras das primeiras rainhas, o carnavalesco lembra de Adriane Galisteu.Logo depois dela, surge Viviane Araújo. “E a caipirice da Sabrina Sato coroando um enredo”, completa.
Viviane, rainha de bateria do Salgueiro, é uma unanimidade quando a gente pergunta quem mistura melhor o samba no pé com músculos no corpo todo.
Agora imagine que todas as musas são uma só. Mas os corpos se transformaram na Avenida. No início ele era magro como o de Luma de Oliveira, e depois ganhou as curvas de Luiza Brunet. Mais tarde, ficou definido como o da Adriane Galisteu. E, na fase Viviane Araújo, aumentou a musculatura de pernas, braços e costas.
“A Viviane Araújo já apresenta todas as características de um trabalho muscular intenso, algumas cirurgias bem conduzidas”, analisa José Horácio Aboudib, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
A discussão é sobre as mulheres ainda mais fortes que Viviane. “a partir daí nós começamos a ver os exageros. O excesso de músculo tirará elasticidade e certamente vai tirar graciosidade ao dançar”, diz José Horácio Aboudib.
Para Quitéria, que uma vez achou melhor perder músculos, discussão demais também pode atrapalhar. “Tem espaço para todas. O público também gosta de ver essa diferença, isso que é bacana”, opina Quitéria Chagas.

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