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sexta-feira, 20 de março de 2015

Sistema Cantareira tem verão mais chuvoso desde 2011


Quantidade de chuva é 123% maior do que a registrada no ano passado.
Situação, porém, ainda é crítica, pois só 2º volume morto foi recuperado.

Márcio Pinho e Felipe TauDo G1 São Paulo
Represa do Jaguari, em Jacareí (SP), na manhã desta segunda- feira (02). nível do Sistema Cantareira, que abastece de água mais de 6 milhões de pessoas na Grande São Paulo, subiu 0,1 ponto porcentual nesta segunda-feira, 2, na comparação com o dia anterio (Foto: Nilton Cardin/Estadão Conteúdo)Represa do Jaguari, no Sistema Cantareira (Foto: Nilton Cardin/Estadão Conteúdo)
O sistema Cantareira, que abastece 5,6 milhões de pessoas na Grande São Paulo e vive uma crise de abastecimento, teve nos últimos três meses o verão mais chuvoso desde 2011. Foram 748,7 mm na estação que termina às 19h45 desta sexta-feira (20). É mais do que o dobro (123%) do registrado no verão 2013/2014, quando choveram 335 mm.

A chuva minimizou os prejuízos, mas a situação ainda é crítica diante da estação de seca que começa com mais força em maio e vai até setembro. Isso porque o sistema só conseguiu recuperar a segunda cota do volume morto, e agora opera com 16% da capacidade total.
A marca chega perto do que se viu no verão 2010/2011, quando a chuva bateu os 868,4 mm. A tabulação feita pelo G1 considerou os registros nos boletins diários divulgados pela Sabesp entre 21 de dezembro e 20 de março de cada ano.

O verão 2014/2015 só foi o mais chuvoso dos últimos anos por causa da chuva que caiu a partir de fevereiro. Em janeiro, o mês tradicionalmente mais chuvoso do ano, a precipitação foi de apenas 148,2 mm nas represas do Cantareira, o equivalente a 54,6% da média histórica.

Já o mês de fevereiro foi o mais chuvoso no Cantareira desde 1995, com 322,4 mm, 61,9% acima da média histórica. O bom ritmo de chuvas foi mantido em março. Até esta sexta-feira (20) choveu nas represas 169,8 mm, 95,4% do esperado para o mês todo.

Segundo a meteorologista Helena Turon Balbino, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o quadro mudou em fevereiro por causa da chegada das massas de ar quentes e úmidas vindas da Amazônia.

“O sistema de alta pressão que estava bloqueando esses ventos na região Sudeste se deslocou para o oceano, um fenômeno típico do verão. Com isso, o canal de umidade se formou novamente, ocasionando chuvas mais significativas”, explicou.
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Período                        
Precipitação    
Verão 2010/2011
868,4 mm
Verão 2011/2012
484,1 mm
Verão 2012/2013
643,7 mm
Verão 2013/2014
335 mm
Verão 2014/2015
748,7 mm
Já as chuvas para os próximos meses do ano no Cantareira não podem ser previstas, diz o climatologista Gilvan Sampaio, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo ele, fatores como a latitude da região das represas e a influência pequena do mar limitam as previsões a no máximo 15 dias.

“A gente tem até uma ou outra pessoa dizendo que este próximo outono vai chover muito, ou que a seca vai continuar. Isso eu costumo dizer que é pura especulação de mercado. Você pode trazer o melhor computador do mundo, os melhores pesquisadores, e não consegue fazer essa previsão. É uma limitação da natureza dessa região”, explica. Ele afirma, no entanto, que a primeira semana de abril, quando as chuvas costumam diminuir, deve ser mais seca do que esta.

Apesar das precipitações mais fortes a partir de fevereiro, o pesquisador afirma que o sistema ainda está em situação delicada do ponto de vista hidrológico. “Este ano seguramente seguimos em uma crise. No ano que vem não se sabe, mas seria um caos se tivermos um terceiro ano seguido com esta situação”, diz.

Rodízio
Em janeiro deste ano, no auge da crise e quando o nível do Cantareira chegou a 5,1%, já considerando o uso de duas cotas do volume morto, a Sabesp chegou a afirmar que poderia ser adotado um rodízio de cinco dias sem água e dois dias com.

Um mês depois, já em meio ao fevereiro mais chuvoso desde 1995, o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, fez discurso diferente em audiência na CPI da Sabesp, na Câmara, e afirmou acreditar que o rodízio não será necessário tendo em vista a entrada e a saída de água que ocorriam no sistema.

Em entrevista ao G1 no dia 13, o secretário de Recursos Hídricos, Benedito Braga, afirmou que o governo poderá dizer, entre abril e maio, se o racionamento será necessário.
Vista da Represa de Guarapiranga, na região de Interlagos, Zona Sul de São Paulo, na manhã desta segunda-feira (2) (Foto: Niyi Fote/Futura Press/Estadão Conteúdo)Guarapiranga mais que dobrou nível no verão (Foto: Niyi Fote/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Outros sistemas
O verão chuvoso na Grande São Paulo também beneficiou outros sistemas que abastecem a região metropolitana. Vários deles superaram a metade da capacidade de armazenamento durante a estação mais chuvosa.

Um dos mais beneficiados foi o Guarapiranga, que operava com 35,4% da capacidade no dia 21 de dezembro, no início do verão, e atualmente tem 79,5%. O sistema é responsável por abastecer o maior número de pessoas na Grande São Paulo, 5,8 milhões, e superou o Cantareira devido à mudanças na rede feitas pela Sabesp.

Fenômeno semelhante aconteceu com o Sistema Alto Cotia, que saltou de 29,9% para 60,1%. O Alto Tietê, que assim como o Cantareira vive situação crítica, saltou de 10,3% da capacidade em 21 de dezembro para 22,4% em março. O Alto Tietê abastece 4,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo.

Novo método
Na última terça-feira, a Sabesp passou a usar um método adicional para determinar o nível de armazenamento de água no Sistema Cantareira. A contagem oficial diz que as represas operam com 16% da capacidade. Porém, se consideradas as duas cotas do volume morto já utilizadas para determinar a capacidade total do sistema, o nível de armazenamento cai para 12,4%.

fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/03/sistema-cantareira-tem-verao-mais-chuvoso-desde-2011.html

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