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sábado, 17 de outubro de 2015

Pais pedem ajuda para cuidar de bebê que só se acalma ao ser ninada


Aos 3 meses, Olívia só para de chorar quando balançada.
Com apelo nas redes sociais, pais receberam mais de 50 voluntários.

Thays EstarqueDo G1 PE
Um parto complicado, 48 dias de tratamento numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e um diagnóstico de paralisia cerebral marcaram a chegada da bebê Olívia ao mundo. Hoje com 3 meses, ela só para de chorar ao ser balançada no colo.
Exaustos diante da tarefa de se revezarem por 24 horas ninando a filha, o artista plástico Fernando Peres, de 43 anos, e a arquiteta Marília Cireno, de 30, lançaram nas redes sociais a campanha "Venham Dançar com Olívia".
Os posts do casal no Facebook alcançaram uma enorme repercussão, e o apartamento da família, na Zona Norte do Recife, não para de receber visitantes. Olívia já teve como parceiros mais de 50 "dançarinos", entre amigos, conhecidos e até desconhecidos da família.
A "rede do bem" formada pela campanha superou as expectativas. Autônomos, Fernando e Marília tiveram que deixar de trabalhar para cuidar da bebê. E, hoje, a casa da família é aberta para quem quiser ajudar, da forma que puder.
Bebê Olivia (Foto: Thays Estarque/ G1)Fernando Peres e a mãe de Olívia, Marília Cireno, pararam de trabalhar para cuidar da bebê (Foto: Thays Estarque/ G1)
Olívia tem encefalopatia hipóxito isquêmica, resultado de cinco minutos sem oxigenação no cérebro durante o nascimento.
“A gente falava: é tão linda, mas parece uma batata quente porque ficamos passando ela de um para o outro”, relembra a mãe, sobre o momento mais difícil que tiveram.
"No início era tão pesado. Tudo isso misturado com o fato de que estávamos ficando sem dinheiro. Quando ela veio para casa, pensávamos que conseguiríamos voltar a trabalhar, mas não conseguimos tocar isso por causa da demanda”, afirma.
Quando ela veio para casa, pensávamos que conseguiríamos voltar a trabalhar, mas não conseguimos tocar isso por causa da demanda"
Marília, mãe de Olívia
Voluntários
Marília menciona que o que mais surpreendeu o casal foram as centenas de e-mails de desconhecidos perguntando o endereço e agendando a data para dançar com a bebê.
“Quando é uma pessoa mais íntima, a gente deixa e vai dormir, mas quando é alguém que ainda está pegando o jeito dela [Olívia], um dos dois fica acordado para orientar, enquanto o outro descansa”.
Com uma divisão em turnos de uma hora e meia de duração, que podem ser estendidos para três horas ou mais, a depender da bebê, Fernando afirma que o casal só consegue dormir quatro horas por dia.
“Quando estamos muito cansados, chamamos as pessoas para a gente poder dormir”, diz Marília.
Durante o revezamento, enquanto um balança a bebê, o outro arruma a casa ou prepara o leite de Olívia. “É o tempo todo em função dela”, diz a mãe.
O casal ainda cuida da primeira filha de Marília, de três anos. “Ela requer muita atenção também, mas minha mãe e o pai dela são bastantes presentes e nos ajudam quando a coisa complica aqui em casa. Mas tem dia que quando uma dorme, a outra acorda”, conta Marília.
Bebê Olivia (Foto: Thays Estarque/ G1)Bebê Olívia começa a apresentar melhora depois de estímulo sensorial (Foto: Thays Estarque/ G1)
Melhora
Olívia passou 48 dias na UTI, distante de contato humano. De acordo com a mãe, além de não desenvolver o reflexo de sucção necessário para mamar, Olívia passou esse período sem estímulos.
“Os terapeutas ocupacionais dizem que ela tem um distúrbio de integração sensorial. Em vez dela conseguir explorar todos os sentidos, só conseguiu encontrar conforto no balanço”, afirma a mãe da menina.
Outro dia ela ficou uma hora e meia sem chorar. Um amigo nosso até veio aqui para dançar com ela e ficamos sentados conversando porque ela não precisou. É um êxtase notar essas pequenas conquistas"
Fernando, pai de Olívia
Porém, à medida em que foi se sentindo segura e com os estímulos em casa, Olívia está apresentando uma melhora significativa, segundo os pais.
“Outro dia ela ficou uma hora e meia sem chorar. Um amigo nosso até veio aqui para dançar com ela e ficamos sentados conversando porque ela não precisou. É um êxtase notar essas pequenas conquistas”, comemora Fernando.
Mesmo com todos os percalços e dificuldades, o casal não leva a situação como um fardo. Pelo contrário, a mãe faz questão de dizer que sentirá falta desse período. “Isso tudo vai passar, vai melhorar e eu sentirei saudade de estar tão próxima da minha filha”.
Ajuda
O cineasta Leandro Guimarães, de 30 anos, é amigo da família há mais de 10 anos. Ele conta que fica à disposição das necessidades da casa.
“É a terceira vez que venho aqui com o objetivo de auxiliar no que precisar. Na primeira, vim para conhecer Olívia; na segunda, fiz almoço e agora vou dançar com ela”.
O padrinho não oficial, como se considera, diz ainda que a rede formada pelas pessoas que se sensibilizaram com a situação atua de acordo com a demanda do casal. “Já vim só para fazer um almoço. Voltei de viagem e trouxe uma carne de sol no ponto para comermos. Na segunda vez que apareci aqui, cuidei do cachorro que estava muito doente e acabou morrendo. Até roupa na máquina eu coloco”, lembra Leandro. (veja no vídeo abaixo)

fonte: http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2015/10/campanha-mobiliza-voluntarios-para-ninar-bebe-com-paralisia-cerebral.html

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