Para dançarinos, profissão permite mais tempo com as crianças.
Filhos lidam naturalmente com a profissão, mesmo sem entender direito.
10 comentários
Eles não têm uma profissão convencional, mas afirmam que o expediente noturno garante ainda mais tempo ao lado da família. Pais presentes e apaixonados por seus filhos, os fortões Antonio Garcia de Aguiar Filho e Anderson Ventura de Castro se dividem entre as tardes com as crianças e as noites com performances de strip-tease.
saiba mais
Antonio, ou Toninho da manutenção, tem 46 anos e atua há 22 no Clube das Mulheres. Ele é professor de educação física, dá aulas de futebol e faz shows pelo menos duas vezes por semana. Começou interpretando o Rambo, mas um dia perdeu sua fantasia e o funcionário da manutenção surgiu como uma brincadeira. Desde então, não parou mais e afirma que o personagem é um sucesso.
“A gente se diverte com isso, gosto das cenas que faço e até tenho mais tempo para acompanhá-lo nas tarefas à tarde, mas sempre tenho em mente que fantasia é fantasia e realidade é realidade. Claro que a profissão interfere em nossa vida pessoal, e não existe uma fórmula para ser pai, então às vezes erro tentando acertar, mas não espero que meu filho siga o meu caminho. Quero que ele estude”, diz.
Henrique, louco por futebol, lida bem com a profissão do pai e até comemora os gols que faz na escolinha dançando. “Eu sempre soube qual era a profissão do meu pai, mas não sabia direito como funcionava. Comecei a entender com 7 anos e hoje meus amigos sabem e até brincam com isso. Às vezes eu faço a dança do meu pai para comemorar gols”, conta Henrique, de 9 anos.
Diferente de Henrique, as pequenas Giulia, de 9 anos, e Giovanna, de 5 anos, ainda não entendem exatamente a profissão do pai Anderson, que também é stripper. Elas sabem apenas que cuidados com o corpo e com a alimentação fazem parte do trabalho do pai.
“Elas ainda não entendem exatamente o que eu faço, mas vêem fotos, assistem na TV ou na internet e a Giulia tem ciúme se alguém me reconhece na rua. Não teve um momento para contar qual era minha profissão. No começo quando eu dizia que iria para o clube elas achavam que era um clube normal, mas com o dia a dia elas começaram a ver que era diferente", afirma.
Anderson tem 37 anos e é stripper do Clube das Mulheres há 20. Antes, ele dava aulas de dança em academias e foi levado à casa por indicação de uma aluna. O dançarino chegou fazendo o papel de malandro, passou a Exterminador do Futuro, médico, até chegar ao homem da Swat e do Bope que interpreta hoje.
Apesar do personagem e da cara de durão, Anderson se derrete ao lado da mulher Milene, com quem está há 13 anos, e das filhas. O stripper diz que pretende tratar o assunto com naturalidade quando começarem a surgir perguntas, mas confessa esperar que as meninas não queiram ir aos shows. “Se depender de mim elas nunca vão”.
O stripper conta que casos de preconceito não são comuns, mas acontecem, e é disso que ele espera poder manter as filhas distantes. "Os casos de preconceito são raros, mas acontecem. Em festas de pais, por exemplo, há maridos que abraçam a esposa e a viram de costas quando eu chego. Mas minha prioridade é sempre estar com a minha família."
As meninas de Anderson herdaram do pai o interesse por esportes e pela dança. Giulia adora natação e luta jiu-jitsu com o pai. Já Giovanna puxou o gosto artístico de Anderson e gosta de cantar e dançar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário