Golpistas pedem depósitos antes do envio de chaves.
Comunicação com interessados costuma ser em inglês.
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Preço de aluguel de apartamento abaixo do mercado é a nova isca de golpistas virtuais em São Paulo. Os criminosos anunciam os imóveis, a maior parte em locais nobres da capital paulista, em sites de classificados on-line e tentam convencer os interessados a realizar depósitos de até R$ 2 mil antes de assinarem um contrato ou, até mesmo, de mostrarem o local.
No discurso, eles se utilizam de um personagem que é estrangeiro e tem um apartamento na cidade que está fechado. O locatário, então, diz aceitar receber um valor baixo apenas para que o local não fique inutilizado.
Segundo Bruno Érnica, publicitário de 23 anos, no dia 20 de julho ele encontrou um apartamento “muito chamativo” na região de Higienópolis, todo mobiliado, com dois quartos e um aluguel de R$ 1 mil. Ele ficou interessado e contatou o proprietário.
“Eu entrei em contato pelo site mesmo, coloquei e-mail e telefone pelo formulário. Depois de uns três dias ele me mandou um e-mail, todo em inglês”, disse Érnica, apontando para uma das principais características da prática. “Ele me disse que morava em Bristol, no Reino Unido, e que o apartamento ele fez para a filha, que tinha vindo estudar no Brasil. Só que ela fez o que tinha que fazer aqui e voltou para lá. Por isso, ele não ia precisar mais do apartamento e queria por para alugar.”
Tudo parecia normal e atraente para Érnica, até o momento em que ele perguntou sobre o formato do contrato e pediu para ver o apartamento pessoalmente. “Depois disso, ele me mandou um outro e-mail, mas não respondeu essas perguntas”, explicou o publicitário. “Ele me disse que para fecharmos um negócio ele precisaria apenas dos R$ 1 mil do aluguel e outros R$ 1 mil de seguro fiança.”
O golpe se concretizaria no momento do depósito deste dinheiro. De acordo com o Érnica, o proprietário indicou uma imobiliária internacional que possui um sistema de depósito no qual o dinheiro só cairia após a chegada das chaves às mãos do publicitário. “Seria uma espécie de pré-pagamento, ele só receberia o dinheiro quando eu autorizasse. Me soou convincente.”
Bruno Érnica só desconfiou depois de começar a pesquisar o nome do proprietário no Google e não encontrar nenhum resultado. Segundo ele, nem o nome do proprietário, nem o da filha, nem o da esposa apresentavam nenhuma informação. “Falei com um amigo, que conversou com um advogado. Eles me sugeriram fazer um contrato, validar aqui e pedir para que ele validasse lá. Fiz isso e ele não me respondeu mais nada.”
Outros paulistanos passaram por situações parecidas nos últimos meses. Vitor Rosalem, outro publicitário da capital paulista, disse aoG1 que por questão de algumas horas não efetuou um depósito de R$ 2,1 mil para um locatário semelhante.
“Eu troquei uns dez e-mails com o locatário, tudo em inglês. Ele me pediu para fazer o depósito via Pay Pal, porque seria mais seguro”, disse Rosalem. “Estava com dinheiro na mão e ia fazer o depósito de R$ 2,1 mil para pegar as chaves. Depois descobri que se fizesse esse depósito, já estava feita a transação.”
De acordo com Rosalém, quem lhe alertou sobre o golpe foi um amigo que havia caído na armadilha alguns dias antes. “Descobri que ele usava vários pseudônimos na internet”, disse ele. “Mandei um último e-mail para ele dizendo que havia descoberto tudo e ele nunca mais me respondeu.”
Apesar de se tratar de um crime, nenhuma das vítimas potenciais entrevistadas pelo G1chegaram a procurar a polícia para registrar ocorrência. Segundo os delegados Eduardo Gobbetti e Helio Bressan, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), até este mês, não houve nenhum registro no departamento sobre ocorrências como estas.
De acordo com Helio Bressan, delegado titular da Delegacia de Delitos em Meios Eletrônicos, este é um caso típico de estelionato, no qual o golpista induz a vítima a dar seu dinheiro sem oferecer nada em troca.
Todos que se sentirem lesados devem procurar o distrito policial mais próximo e denunciar o esquema. Segundo Eduardo Gobbetti, da delegacia especializada em estelionatos, somente após o registro das ocorrências é que a polícia pode começar uma investigação e pedir a quebra de sigilos telefônicos e bancários, por exemplo.
Todos que se sentirem lesados devem procurar o distrito policial mais próximo e denunciar o esquema. Segundo Eduardo Gobbetti, da delegacia especializada em estelionatos, somente após o registro das ocorrências é que a polícia pode começar uma investigação e pedir a quebra de sigilos telefônicos e bancários, por exemplo.
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