Há exatos seis meses, enchente destruiu parte da cidade.
Comerciante disse que precisará de 2 anos para se recuperar dos prejuízos.
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Passados seis meses da enchente que devastou Guidoval, na Região da Zona da Mata, em Minas Gerais, moradores ainda sentem os reflexos da tragédia que deixou dois mortos na cidade. No dia 2 de janeiro deste ano, o município foi atingido por uma tromba d’água que destruiu casas, comércios e trouxe muita desolação. Depois de um semestre do acontecimento, o G1 voltou para verificar se houve mudanças e conversou novamente com as pessoas que foram prejudicadas pela chuva.
Os moradores dizem que pouco foi feito para recuperar a cidade. O comerciante Fábio Pacheco Pereira, de 62 anos, contou que não conseguiu recuperar o que perdeu na enxurrada. “O que eu comprei, eu não vendo. E se eu vendo, eu não recebo”, referindo-se à frágil situação financeira da população.
Ele ainda falou que tem uma dívida de R$ 50 mil, fora o prejuízo de R$ 300 mil de janeiro. “A situação é complicada porque perdi muitas mercadorias e não tive perdão dessa dívida. Estou com o nome sujo e não consigo crédito. Aí fica difícil recomeçar sem dinheiro e sem crédito”, desabafou.
Pereira contou que um filho que mora em Araraquara (SP) o convidou com a mulher para morarem com ele. “Não tem condições. O que eu vou fazer lá em Araraquara com 62 anos?”, questionou.
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Outra preocupação dele é com relação à ponte provisória do Exército que será retirada no próximo dia 9. Apesar de outra ter sido inaugurada no último dia 21, quem precisar fazer a travessia terá que retornar e percorrer um retorno de 4,4 quilômetros, porque a construção foi erguida em outro ponto sobre o Rio Xopotó. Para chegar até lá, é preciso pegar a estrada velha e depois a MGC-120. Pereira disse que 40 famílias mais a Polícia Militar ficarão "isoladas". “Se acontecer um assalto aqui em Guidoval, até a polícia dar a volta e chegar aqui já é tarde demais”.
Outra reclamação dos moradores é com relação à poeira nas ruas da cidade. De acordo com o prefeito Élio Lopes dos Santos, um trator foi adquirido por R$ 130 mil para fazer a limpeza das ruas da cidade, o que deve diminuir o pó.
De acordo com Santos, depois do temporal, durante a limpeza da cidade, 2 mil caminhões com barro, móveis e utensílios domésticos foram retirados de Guidoval.
O comerciante Carlos Roberto da Trindade, de 56 anos, reabriu o bar no dia 20 de janeiro e disse que está se restabelecendo, aos poucos. Para recolocar as mercadorias nas prateleiras, ele precisou investir R$ 3 mil. O irmão de Carlos, Gilmar Cândido da Trindade, de 51 anos, que também trabalha no comércio teve mais prejuízos. O táxi dele foi arrastado pela enxurrada e ficou praticamente destruído.
Para consertar o carro, ele acredita que vai gastar em torno de R$ 8 mil. “Eu não tinha seguro e vou ter que pagar tudo”. Além destas perdas, Gilmar calculou outros R$ 4,5 mil de prejuízo no comércio.
Com o táxi parado há seis meses, ele disse também que deixa de faturar mais de R$ 1 mil por mês. O veículo está parado em um posto de combustíveis desativado. “Comprei outros tapetes, lavei os bancos e troquei o para-brisa. Ainda preciso mexer no motor, na lataria e na pintura”.
E quem contabiliza mais de R$ 300 mil em prejuízos é o comerciante Edgar da Silva. “Não consegui recuperar o que perdi. Em menos de dois anos acredito que não consigo. O pior é que, antes da enchente, já tinha feito um empréstimo no banco”, ressaltou.
Por mês, Silva paga R$ 2.642 de um empréstimo que ele fez antes do temporal, e ainda faltam nove parcelas. Para tentar controlar as contas, ele precisou demitir três dos cinco funcionários que tinha. “Acho que o governo deveria dar uma ajuda com empréstimos com os juros mais baixos. Aí a gente teria um capital de giro para continuar com o nosso negócio”.
Já o professor universitário Gerson Occhi, de 69 anos, falou que ele e a família gastarão cerca de R$ 20 mil para reformar a casa que foi atingida pela enchente. “Três muros foram derrubados e já consegui refazê-los. Agora, precisamos pintar e arrumar a varanda que está com muita infiltração”, explicou.
Além dos prejuízos no imóvel, Occhi e os irmãos precisaram comprar guarda-roupas, camas, colchões e sofás que foram destruídos pela enxurrada. Com as mobílias, ele estima um investimento de R$ 5 mil. Todas as paredes internas também serão descascadas, reformadas e passarão por pintura.
Entenda o caso
Guidoval foi atingida por um temporal em 2 de janeiro deste ano. No dia 3, foi decretada a situação de emergência, que durou por 90 dias. De acordo com a Defesa Civil, duas pessoas morreram na cidade e mais de 200 municípios foram prejudicados pela chuva.
Entenda o caso
Guidoval foi atingida por um temporal em 2 de janeiro deste ano. No dia 3, foi decretada a situação de emergência, que durou por 90 dias. De acordo com a Defesa Civil, duas pessoas morreram na cidade e mais de 200 municípios foram prejudicados pela chuva.
Veja abaixo fotos de como ficou a cidade após a enchente de janeiro e como estão os locais seis meses depois.
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