Modelo de robô utilizado em Morde & Assopra é sucesso entre as crianças.
Três humanoides participam das atividades de educação infantil.
1 comentário
Um dos personagens mais queridos da novela 'Morde e Assopra', exibida na Rede Globo em 2011, o robô 'Zariguim', em muitas oportunidades, ensinava e dava conselhos aos personagens da trama. Assim que a novela acabou, uma escola de Santos, no litoral de São Paulo, foi atrás da tecnologia e 'contratou' três robôs. Com inteligência artificial e interações quase humanas, o pequeno Nao, como o robô principal é conhecido, tem conquistado, junto com seus dois companheiros, todas as atenções no colégio Jean Piaget, participando das aulas e das atividades do ensino infatil.
O robô "NAO Next Gen", adquirido junto a uma empresa francesa, é utilizado como ferramenta de material de pesquisa em algumas instituições e universidades espalhadas por todo o planeta. Nos últimos meses, ele passou a fazer parte do colégio e auxilia professores no processo de aprendizagem de crianças de 2 a 6 anos.
Segundo a coordenadora pedagógica Anemeire Valério, a ideia de trazer o robô para a unidade foi dos próprios donos do colégio. Representantes da empresa francesa no Brasil mostraram o robô para os professores, que adoraram. A princípio, eles propuseram que a escola fizesse atividades com ele no ensino fundamental. Depois, a equipe pedagógica verificou as diferentes possibilidades de uso dos robôs e acabou adquirindo os três exemplares.
Os robôs chegaram com suas funções básicas, mas como possuem tecnologia programável, uma equipe foi formada para trabalhar com suas funções e adaptá-las às atividades propostas no colégio. O professor da área de robótica, Jefferson Silva, que faz parte da equipe de programação do humanoide, explica que as atividades são preparadas de acordo com o planejamento das professoras. Se uma professora quer contar uma história, ela utiliza o andróide e ele faz perfomances que chamam a atenção das crianças. "A gente desenvolve aplicativos para ele, que acabam melhorando o desempenho. A gente cria, desenvolve, passa para os professores e insere no robô", explica Silva.
O robô tem câmeras integradas no rosto e consegue visualizar uma pessoa, tirar uma foto e guardá-la no banco de dados.Quando ele avista a pessoa, a identificação é feita automaticamente, o que possibilita a interação com as crianças. Além disso, o robô possui vários sensores pelo corpo. Alguns botões no peito, câmeras no rosto, infravermelho nos olhos, microfones na cabeça, sensores no pé e auto-falantes e microfones na orelha pra ouvir e falar com as pessoas.
Com uma liberdade de movimentos de até 25 graus, Nao consegue mover os braços e as pernas com facilidade. "A gente usa muito os sensores na visão e a parte da fala com as crianças, já que ele reconhece os objetos. Com 8 GB de memória ele consegue, inclusive, guardar várias músicas e movimentos", explica o professor.
A coordenadora pedagógica fala que há muita literatura sobre a interferência da inteligência artificial na área educacional, e afirma que a atividade com o robô é o elemento de uma pesquisa pedagógica. "A gente viu possibilidades reais de ter um material didático a mais, além daqueles que a gente já tem. Como é uma pesquisa, a gente vai fazendo coisas diferentes, avaliando relatos e as reações das crianças", conta. De acordo com ela, a consciência corporal, a lateralidade, as noções de espaço e a identificação de palavras em inglês são as habilidades desenvolvidas com a ajuda do robô. "Ele ensina as crianças a saber esperar a vez de falar, a se concentrar, organizar o espaço e uma série de posturas", diz.
Além disso, Anemeire considera importante a inclusão desta tecnologia para o futuro das crianças, tanto para lidar com as novas descobertas da ciência como também para valorizar e saber diferenciar as habilidades humanas e a inteligência artificial.
Com a chegada do robô, houve um preparo dos professores e dos alunos para lidar com a nova tecnologia. "A gente disse pra eles que ia chegar um novo amiguinho. Nesse mesmo dia, ele entrou andando como se fosse uma visita", conta a coordenadora, que diz que o novo integrante virou a atração da escola. Todas as 13 classes já realizaram alguma atividade com a participação do Nao. "As crianças estão amando. Eles falam do robô como se fosse um novo amigo inserido na classe", relata a professora Rita de Cássia Bezerra.
Em uma recente atividade especial, Nao contou uma história, fez brincadeiras de mímica e deu uma aula de ginástica laboral para as crianças. "Hoje a gente aprendeu sobre os esportes, utilizando a mímica. Eu queria que ele viesse aqui todos os dias", diz Lucas Gonçalves de quatro anos, um dos alunos encantados com a novidade. A japonesa Kana Yamabe, de 4 anos, que veio para o Brasil há pouco tempo, também gostou muito das novas atividades. "Ele me ensinou a fazer ginástica", conta.
A próxima etapa do projeto é programar o robô para escrever palavras. Os programadores irão iniciar o desafio em julho e, em agosto, terão o auxílio dos alunos do Ensino Médio, que participarão da experiência de programação com os robôs.
Nenhum comentário:
Postar um comentário