Na maioria das vezes, a recuperação é lenta e a vida do paciente muda depois do acidente. Quando ele é o responsável pelo sustento da casa, a renda fica comprometida.
Mais um acidente de moto em São Paulo na manhã desta sexta-feira. Pelas estatísticas, outros muitos devem acontecer até o fim do dia, infelizmente. São mais de 400 mortos por ano em mais de 20 acidentes por dia envolvendo motos.
Um deles aconteceu na Zona Sul de São Paulo e envolveu uma bicicleta e uma moto. O motoqueiro, aparentemente com a perna quebrada, foi socorrido ainda na pista e levado para o hospital. Ele motoqueiro sobreviveu, mas pode ter sequelas e vai ficar sem trabalhar por muito tempo.
O Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas fez uma pesquisa sobre motoqueiros se acidentam e descobriu que muitos acabam com graves problemas financeiros porque não têm mais como se sustentar. Veja na reportagem de Giuliana Girardi.
Cinquenta minutos em dois ônibus ou dez minutos em cima da moto? O analista fiscal Vinícius Zambori de Souza escolheu a segunda opção para ir ao trabalho. Só não esperava que, oito meses depois de comprar a moto, iria parar no hospital com várias fraturas na perna.
“A previsão pra segunda cirurgia é a quinta-feira que vem”, conta.
A mãe passa o dia todo ao lado do filho. “O trabalho fica parado, porque a prioridade tem que ser ele. Eu vou tentar recompor isso de finais de semana, quem sabe”, brinca a mãe de Vinícius.
O Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas fez as contas de quanto gasta com um paciente que sofre acidente de moto: “São pacientes que demandam um longo período de internação e muitos procedimentos associados, isso implica em materiais. Então é um custo aproximado de R$ 30 mil”, afirma Marcelo Rosa Resende, ortopedista e micro-cirurgião do HC.
Em média, o paciente fica internado 21 dias. Em seis meses, mais de 250 motociclistas foram atendidos no instituto, a maior parte jovem. Metade teve fratura exposta e ficou com sequelas.
“Não vou aguentar a noite inteira em pé com essa perna desse jeito, sou frentista. Acredito que eu vou ter que mudar de atividade por causa desse acidente de moto”, conta Marcos Alberto dos Santos.
Marcos pilotava a moto e a namorada Elaine estava na garupa, quando ele bateu em um caminhão. Eles já passaram por duas cirurgias e estão na fase da reabilitação.
“Depender de tudo, para tomar banho, para tudo, é bem difícil. Minha casa é cheia de escadas, então precisava de alguém para me subir, descer”, conta a namorada de Marcos, a auditora de loja Elaine Coelho Santos.
A vida do paciente muda depois do acidente e a de toda a família também. Muitas vezes ele é o único responsável pelo sustento da casa e a renda fica comprometida. Mais da metade dos pacientes não consegue voltar ao trabalho em um prazo de seis meses e, em 80% dos casos, eles precisam da ajuda financeira de algum parente ou amigo ou recorrer a empréstimos.
“Peço recursos para amigos, para parentes mais próximos, porque nem sempre a empresa pode ajudar, então a gente tem que se virar do jeito que pode”, conta Wiliam Manoel da Silva, chaveiro e socorrista.
No ano passado mais de sete mil motociclistas foram atendidos pelo Corpo de Bombeiros em acidentes de transito, em São Paulo. “Fiquei um ano sem poder trabalhar. E voltou a pilotar, tenho que ter coragem. Tenho filho, tenho que trabalhar, senão eu fico sem poder fazer nada. Nos temos que sair, levantar 7h, chamar por Deus e seguir em frente, é difícil”, diz José Jair Leandro de Lucena, motoboy.
A capital paulista tem uma das maiores frotas de motos do país, mais de 900 mil motos registradas na cidade. Vinícius não quer mais fazer parte dessa estatística: “Gosto muito de andar de moto, mas depois desse acidente fiquei meio pensativo. Prefiro me aposentar”, conta.
“É preciso fazer campanhas, conscientização na formação desses indivíduos que vão chegar com motos e podemos pensar, a longo prazo, inclusive cursos nas escolas, conscientizando sobre como utilizar a moto, quais os cuidados que precisam ter nesse meio de transporte”, afirma o médico Marcelo Rosa Resende.
O levantamento mostrou ainda que mais de 70% dos acidentes acontecem em colisões com carros. No ano passado, 478 motociclistas morreram em acidentes. Sem dúvida, uma campanha de prevenção viria em muito boa hora.
fonte: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2011/11/sp-frota-de-motos-cresce-e-numero-de-acidentes-tambem-aumenta.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário